Em nota, cacique de aldeia repudia entidades que pedem sua saída do cargo
Oficío atribuído a João Gauto, liderança afirma que permanece como "capitão" de aldeia
Em ofício enviado à Funai (Fundação Nacional do Índio) cuja a autoria é atribuída a João Gauto, atual cacique da Aldeia de Amambai, a liderança indígena repudia a conduta das organizações representantes do movimento indígena, que tem pedido o seu afastamento do comando da aldeia. A nota de repúdio foi direcionada ao CIMI (Conselho Missionário Indígena), assembleia Aty Guasu, e APIB (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil).
No documento, Gauto afirma que não vai deixar o cargo mesmo vivendo a base de “ameaças” e “perseguições” de um grupo contrário à sua liderança, que inclusive, já teria indicado outro nome para ocupar o seu posto.
“Eu como liderança, que fui eleito democraticamente por um mandato de 4 anos, continuo na liderança, e ainda informo a todos que em respeito à comunidade irei cumprir o meu mandato e depois terá uma nova eleição, onde será escolhido uma nova liderança. Durante o meu mandato, não compactuaremos tais condutas, onde somente um grupo oposto a minha gestão autodeclarou uma nova liderança”, comenta.
As disputas internas na aldeia se acirraram após o confronto entre os indígenas e policiais do Batalhão de Choque da Polícia Militar na fazenda Borda da Mata, no dia 24 de junho, que deixou um morto e dezenas de feridos.
Eleito em 2020, João Gauto é apontado pelos próprios indígenas como um dos responsáveis pelo confronto. O grupo que ocupou a fazenda é de oposição ao capitão e acusa ele de ter mentido para a polícia sobre suposto envolvimento deles com o tráfico de drogas. Gauto também enviou cartas para a Funai e para a Secretaria de Segurança Pública pedindo medidas contra seu próprio povo.
A debandada de entidades contra o cacique ocorreu por ele não ter apoiado a invasão da fazenda Borda da Mata onde ocorreram os ataques. “Respeitamos qualquer órgão, e sempre atuamos em defesa dos moradores desta Aldeia e sempre estaremos de braços abertos para um diálogo que beneficie o bem estar da comunidade, e não para prejudicar. Por esse motivo, pedimos que também respeite a nossa organização dentro desta Aldeia”, conclui o ofício encaminhado no último dia 4 à Funai.