Em um dia, 3 jacarés são capturados em rua, casa e até escola em MS
Última captura foi feita em residência na cidade de Ladário
Mais um jacaré apareceu e, desta vez, deu susto em moradores de uma residência em Ladário, cidade a 426 quilômetros de Campo Grande, nesta terça-feira (22). Ele foi capturado pela PMA (Polícia Militar Ambiental) e solto em seu habitat natural, o Pantanal. Foi o terceiro jacaré capturado em apenas um dia em Mato Grosso do Sul, transitando pelas áreas urbanas dos municípios localizados na região pantaneira.
Na manhã de ontem, o animal de 1,5 metro foi capturado dentro de uma escola de Miranda. Durante a noite, outro filhote foi visto transitando pelas ruas da região central de Aquidauana e até tentou entrar em algumas casas. No mesmo período, foi capturado outro em uma residência de Ladário.
Parece que não, mas a aparição desses animais nos centros urbanos é mais comum do que se imagina. De acordo com a sargento Vânia Deleglodi Marques, médica-veterinária que trata da captura de animais silvestres, Mato Grosso do Sul tem muita área de flora, fazendo com que a fauna entre em locais habitados.
Um exemplo é Campo Grande, que possui grandes reservas florestais e parques, além dos parques lineares de córregos e áreas verdes municipais, favorece à fauna e, essa convivência entre essa fauna sinantrópica e a população gera alguns conflitos, como: entrar em casas, ruas, estabelecimentos comerciais, atropelamentos, bem como há a necessidade muitas vezes, de se fazer o trabalho de captura, devido à fauna adentrar áreas que corram riscos, ou que haja riscos às pessoas.
Orientações - Ocorre que, muitas vezes, a situação, mesmo em perímetro urbano, não é caso de captura. Por exemplo, o animal está na rua, mas próximo ao seu habitat. Caso não haja perturbação, o bicho normalmente retornará. A possível tentativa de captura estressaria o animal, além de colocá-lo em risco de atropelamento e estresse excessivo, que dependendo dos casos, podem até levá-lo à morte.
A PMA orienta para que as pessoas não se aproximem e nem deixem crianças se aproximarem, especialmente, dos animais que ofereçam riscos, como os grandes mamíferos e animais peçonhentos, pois, ao se sentirem acuados, eles podem atacar no intuito de defesa.
Outros casos em que as pessoas ligam para captura, ou pior, até capturam os animais, envolvem filhotes no período reprodutivo, principalmente as aves. Em um determinado momento, os filhotes não ficam mais nos ninhos, até porque precisam aprender a voar, porém, os pais continuam alimentando-os e os protegendo. Dependendo da espécie, às vezes, os filhotes chegam a ficar dois ou três dias no mesmo local, porém, os pais continuam cuidando desses filhotes.
Quanto à questão do risco de animais doméstico os predarem, em princípio, essas aves já conseguem fazer pequenos voos de defesa e, em segundo lugar, na natureza são muito mais predadores e a maioria sobrevive.
Quando se faz a captura, haverá a retirada dos filhotes do cuidado parental e ainda um custo ambiental enorme para a fauna, bem como econômico de dispêndio de dinheiro público, com técnicos cuidando, alimentação, remédios, entre outros, até sua reintrodução na natureza. Além disso, os custos continuam mesmo depois de soltos, porque se necessitam monitoramentos para verificação se o animal se readaptou a vida no habitat natural.
Números - Em 2021 foram capturados 2.841 animais silvestres nos perímetros urbanos, dentre estes, resgates de vários animais vítimas de atropelamentos nos centros urbanos e rodovias. Os principais bichos capturados são aves.
Desde sua criação, há 35 anos, a PMA já capturou animais em locais inusitados, como, ouriço em edifício, capivara dentro de armários e fossas, antas dentro de piscina e em tanques de tratamentos de esgotos, jacarés em lagoas de tratamento de indústria e dentro de residências, gambá dentro de máquina de lavar e em forro de residências, serpentes e lagartos em áreas de motores e dentro de veículos, tamanduá-bandeira dentro de churrasqueira e de fossa e dormindo em quarto onde havia crianças, entre outros.
A maioria desses animais são encaminhados ao Cras (Centro de Reabilitação de Animais Silvestres), localizado na Capital. No interior, alguns são soltos nas redondezas, depois de laudos de médicos veterinários e biólogos constatando que são bravios e daquele habitat, da região de onde foram capturados.
Os números não abrangem os animais vítimas de tráfico e aqueles apreendidos com infratores que criam ilegalmente em cativeiro, os quais também são encaminhados ao CRAS.