Em véspera de reunião em Brasília, índios protestam em Sidrolândia
Cerca de 300 índios terena da reserva Buriti protestaram durante uma passeata na tarde desta sexta-feira (6), em Sidrolândia, distante 71 quilômetros de Campo Grande. Eles querem uma resposta do Governo Federal que garanta a compra dos 15 mil hectares e um cronograma para resolver o impasse no restante do Estado.
Depois da tensão de maio, com a fazenda Buriti, em Sidrolândia, invadida por terenas e a morte do índio Oziel Gabriel, 35 anos, durante ação de reintegração de posse, junho foi marcado pela visita de ministros e o anúncio de uma trégua até ontem, quando deveria ter sido realizada reunião para apresentar uma solução para acabar com o conflito de terra na região.
As lideranças indígenas não antecipam os próximos passos da mobilização, caso o desfecho da reunião em Brasília não traga uma solução para a questão da demarcação de terra, porém não descartam ocupar novamente as áreas reivindicadas por eles. “Se não demarcarem, vamos marcar a terra por nossas próprias mãos, chega de sofrimento”, diz o cacique Ageu Reginaldo Terena. (Com informações do site Região News)
Terenas e guaranis - Reivindicada pelos terenas, a terra indígena Buriti fica localizada entre os municípios de Sidrolândia e Dois Irmãos do Buriti. Em 2001, a Funai aprovou o relatório de identificação da área de 17 mil, sendo dois mil já demarcados.
No mesmo ano, fazendeiros recorreram à Justiça para anular a identificação antropológica. Em 2004, decisão judicial foi favorável aos produtores. Dois anos depois, com nova decisão no TRF3 (Tribunal Regional Federal da 3ª Região), a terra voltou a ser reconhecida como indígena.
Somente em 2010 o Ministério da Justiça declarou que a área pertencia aos terenas. Os próximos passos seriam a demarcação física da reserva e homologação da presidente da República. No entanto, no ano passado, o processo voltou a ser suspenso por decisão judicial favorável aos fazendeiros. Segundo os índios, a população chega a 6 mil pessoas, distribuídas em nove aldeias.
De acordo com o representante da CNPI (Comissão Nacional de Política Indigenista), Anastácio Peralta, das 53 áreas em litígio, 37 são relativas aos guarani-caiuá. “São 18 municípios e 60 mil índios”, afirma. Dentre elas, áreas em Antônio João e Paranhos que já foram cenários de conflitos.