ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no X Campo Grande News no Instagram
NOVEMBRO, SÁBADO  23    CAMPO GRANDE 32º

Interior

Enquanto Paraguai faz até trincheira, Brasil só fechou fronteira no papel

Na Linha Internacional não há movimentação de policiais brasileiros; em Ponta Porã, população ignora pandemia e lota as ruas

Helio de Freitas, de Dourados | 20/03/2020 15:11
Movimento intenso de carros no centro de Ponta Porã, hoje de manhã (Foto: Capitán Bado.com)
Movimento intenso de carros no centro de Ponta Porã, hoje de manhã (Foto: Capitán Bado.com)

Com o país em situação de emergência por causa da pandemia do novo coronavírus, autoridades sanitárias do Paraguai estão escavando até valas para barrar a passagem de pessoas na fronteira com Mato Grosso do Sul. Foi o que ocorreu na manhã desta sexta-feira em Ypejhú, cidade paraguaia vizinha de Paranhos (MS), a 469 km de Campo Grande. Retroescavadeira foi usada para abrir uma vala no trecho de terra entre as duas cidades.

Em Capitán Bado, desde quarta-feira (18) os acessos para Coronel Sapucaia estão interditados por militares armados. Mesma situação foi observada hoje na linha entre as cidades-gêmeas Pindoty Porã (Paraguai) e Sete Quedas (MS). Do lado paraguaio, todas as lojas fecharam as portas a pedido da prefeitura.

Na Ponte Internacional da Amizade, entre Bella Vista Norte e Bela Vista (MS), militares paraguaios fizeram uma barreira e ninguém pode sair ou entrar. O mesmo ocorre na estrada entre Salto del Guairá e Mato Grosso do Sul, na região de Mundo Novo. O comércio de Salto também fechou as portas.

Hoje de manhã, o ministro da Saúde do Paraguai Julio Mazzoleni informou que a quarentena pode ser ampliada após a confirmação de dois casos da Covid-19 supostamente por transmissão comunitária. Se a medida for tomada, só postos de combustíveis, mercados e farmácias poderão abrir naquele país, das 9h às 14h.

Ao mesmo tempo em que o Paraguai corre para fechar as portas ao novo vírus, do lado brasileiro não havia, até o início da tarde de hoje, qualquer movimentação para cumprir a decisão do governo Jair Bolsonaro, que ontem mandou fechar as fronteiras com a maioria dos vizinhos sul-americanos.

Ponte sobre o Rio Apa está interditada do lado paraguaio, entre Bella Vista Norte e Bela Vista, no MS (Foto: Jonathan Torres)
Ponte sobre o Rio Apa está interditada do lado paraguaio, entre Bella Vista Norte e Bela Vista, no MS (Foto: Jonathan Torres)

Moradores e jornalistas locais consultados pelo Campo Grande News afirmam que não existe ainda mobilização de tropas federais para colocar em prática o fechamento da fronteira com o Paraguai.

Ao anunciar o decreto, ontem, Bolsonaro disse que a medida não seria colocada em prática em cidades-gêmeas, como Ponta Porã/Pedro Juan Caballero e Paranhos/Ypejhú devido ao trânsito intenso de moradores de um lado ao outro da Linha Internacional.

Em nota encaminhada pela assessoria de imprensa, a Superintendência da Polícia Federal em Mato Grosso do Sul informou que segue trabalhando, mantendo atendimento aos casos urgentes e tomando todas as medidas para evitar o acúmulo de pessoas.

“No que tange à questão de fronteiras, os policiais federais estão presentes e atuando, dando cumprimento aos casos estabelecidos na portaria nº 125, de 19 de março de 2020, dos ministros chefe da Casa Civil da Presidência da República, da Justiça e Segurança Pública e da Saúde”, afirmas a PF.

Fila em frente à agência do Banco do Brasil em Ponta Porã, hoje cedo (Foto: Direto das Ruas)
Fila em frente à agência do Banco do Brasil em Ponta Porã, hoje cedo (Foto: Direto das Ruas)

Controle frouxo – O bloqueio paraguaio só não é intenso ainda em Pedro Juan Caballero, cidade-gêmea de Ponta Porã, a 323 km de Campo Grande. Nos três pontos de acesso instalados pela FTC (Força Tarefa Conjunta) na rua que separa as duas cidades, soldados usam termômetro para medir a temperatura das pessoas. Quem está a pé ou de veículo com placa do Paraguai ou de Ponta Porã pode entrar tranquilamente naquele país.

Mas o que mais preocupa naquele trecho da fronteira é a falta de ações do lado brasileiro. Enquanto 90% das lojas de Pedro Juan, incluindo os grandes shoppings de importados, estão fechadas desde o início da semana, em Ponta Porã o comércio funciona a todo vapor.

Na manhã desta sexta-feira era intenso o movimento de carros nas ruas de Ponta Porã e filas em frente às agências bancárias, contrariando recomendação da OMS (Organização Mundial de Saúde) para evitar aglomerações.

“Aqui está muito difícil. Só se chamar a polícia. Já tomamos todas as providências. Mas com a alta do dólar, os paraguaios compram aqui, assim como nós fazemos lá quando o dólar está baixo. Mas a Procuradoria vai adotar medidas para restringir o comércio”, afirmou ao Campo Grande News o prefeito de Ponta Porã, Hélio Peluffo Filho (PSDB).

Nos siga no Google Notícias