Escândalo de corrupção é pauta do dia em Sidrolândia
Gaeco investiga corrupção dentro da Prefeitura Municipal e já prendeu três pessoas
Escândalo de corrupção em Sidrolândia (a 71 quilômetros de Campo Grande) tem gerado impacto na cidade e investigação da Prefeitura Municipal se tornou a pauta desta sexta-feira (21) entre moradores da cidade. O Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) voltou nesta manhã a realizar operação para cumprir mandados de busca e apreensão, além de três prisões.
A atendente de loja Talita Lopes, de 28 anos, ficou sabendo do episódio através da internet. Ela menciona que os presos Ueverton da Silva Macedo, o “Frescura”, e o servidor Tiago Basso da Silva são conhecidos localmente.
Além dos dois, também foi preso nesta sexta-feira Roberto da Conceição Valençuela.
Talita lembra que Sidrolândia já teve outros escândalos no passado, incluindo uma investigação envolvendo quando o “Frescura” tentou se eleger em cargo público.
O desdobramento ocorreu depois da primeira fase da Operação “Tromper” (“enganar”, em francês), que identificou conluio entre empresas que participaram de licitações e firmaram contratos com o município, com valores milionários no total.
Também se apurou existência de organização criminosa voltada a fraudes em licitações e desvio de dinheiro público, bem como pagamento de propina a agentes públicos, inclusive em troca do compartilhamento de informações privilegiadas da administração.
Enquanto alguns apoiam a investigação e punição dos responsáveis para preservar o dinheiro público e a credibilidade da prefeitura, outros questionam a veracidade das denúncias.
O engenheiro Sérgio Matoso Freitas, de 55 anos, não acredita nas acusações de corrupção que recaem sobre a administração da prefeita Vanda Cristina Camilo (PP). “Não vi nada que tenha fundamento nas acusações”.
Ele entende que não há prova concreta que sustente tais alegações. “Ouvi comentários, mas só vi gente de oposição comentando. O que tem que ser feito é apurar e condenar os verdadeiros culpados. Se é a prefeita ou o ex-prefeito, quem for julgado tem que pagar”.
“Quem anda atrás de confusão sempre acha. A cidade é bem administrada. Onde há obras, há acusações, ainda mais na ‘turma’ dos derrotadas. A prefeita faz uma excelente administração, moro aqui há dois anos. Tem que ter fundamento se realmente está acontecendo uma irregularidade”.
Ele ainda ressalta que conhece a prefeita e que avalia que ela seja uma pessoa bem conceituada na administração da cidade, e acredita que os detratores buscam apenas confusão. “Foi investigado? Tem indícios? Eu falo só sobre o que eu sei, que tenha fundamento e já foi provado”.
Conforme apurado pelo Campo Grande News, equipes policiais estariam focadas em buscas nas salas do serviço de licitação e na área de finanças do município.
Um corretor de imóveis, de 37 anos, sempre morou na cidade e preferiu não se identificar, ao dizer que a população já suspeitava de casos de corrupção há tempo. Ele afirma que, desde 2007, circulam rumores sobre desvio de dinheiro, mas até então, nunca havia existido uma investigação policial.
O morador ressalta a importância de apurar as acusações e condenar os verdadeiros culpados para que o dinheiro público seja bem aplicado. “Pega ruim para a prefeitura. Fala-se que não dá em nada, mas para ela [prefeita] é ruim, dá descrédito. Lamento que quem deveria cuidar do nosso dinheiro não cuida. Os vereadores também não fiscalizam”.
O atendente de distribuidora de doces Matheus Pereira, de 19 anos, comenta ter ouvido sobre o escândalo de corrupção através das redes sociais e lamenta a situação da cidade, que já teve outros casos no passado. “Esse bafafá movimenta a cidade. Cedo, acordei e vi no Facebook o pessoal postando. É bom a investigação, a cidade está uma roubalheira. É feio para a nossa cidade”.
Ele destaca que algumas pessoas, inclusive um conhecido seu, estão entre os presos e afirma que é necessário investigar e punir os responsáveis.
Operação
Foram presos preventivamente, nesta manhã (21), os empresários Roberto Valençuela e Ueverton Macedo, o "Frescura", além do servidor público do setor de compras e licitações da Prefeitura de Sidrolândia, Tiago Basso.
Eles são suspeitos de integrarem um esquema de sonegação fiscal, peculato, associação criminosa e fraudes em licitações na administração municipal que favoreceram as empresas Rocamora Serviços de Escritórios, R&C Comércio Serviços e Manutenção Ltda, Evertom Lucero e 3M produtos.
A movimentação no prédio da prefeitura começou às 6h30. Por causa dela, servidores que chegaram para trabalhar voltaram para casa, conforme apurou a reportagem. As prisões foram feitas nas residências dos suspeitos. Eles foram encaminhados para a Delegacia da Polícia Civil de Sidrolândia. Um quarto mandado de prisão faz parte desta fase da operação, segundo divulgou o MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul). A reportagem está em Sidrolândia para acompanhar a ação e apurou que o Gaeco está em busca de Ricardo Rocamora, Everton Lucero, conhecido como "Pirulito", e César Bertoldo.
Conforme apurou a operação, o esquema pode ter começado na gestão anterior da prefeitura. No entanto, a gestão atual, chefiada pela prefeita Vanda Camilo, segue cotando preços com uma das empresas, conforme o Campo Grande News. Com contratos milionários, as empresas receberam R$ 13.727.781,70 das duas administrações juntas.
A assessoria da Prefeitura de Sidrolândia informou anteriormente que a administração está acompanhando a operação e fornecendo informações para a investigação. Este jornal também procura a prefeita para se posicionar sobre o assunto. O espaço segue em aberto.
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