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Interior

Falta de estrutura em cemitério dificulta investigação sobre furto de corpos

“É um caso bem complicado, sem testemunhas. Estamos investigando todas as hipóteses", disse a delegada

Por Viviane Oliveira | 23/05/2024 11:12
Cemitério São Vicente de Paula, localizado no bairro de mesmo nome (Foto: reprodução / vídeo)
Cemitério São Vicente de Paula, localizado no bairro de mesmo nome (Foto: reprodução / vídeo)
A falta de câmeras de segurança e de testemunhas dificulta a investigação sobre o furto de dois corpos, ocorrido na madrugada de domingo (19), no Cemitério São Vicente de Paula, no bairro de mesmo nome, localizado na periferia de Ponta Porã. Com cerca de 90 mil habitantes, a cidade fica na divisa com o Paraguai e faz fronteira com Pedro Juan Caballero.

Conforme a delegada titular da 1.ª DP, Elisangela Ferreira Cristaldo, as imagens de câmeras de segurança, encontradas nas proximidades do cemitério, não foram úteis para identificar o suspeito. “É um caso bem complicado, sem testemunhas. Estamos investigando todas as hipóteses, conversando com os policiais paraguaios sobre possíveis casos [de furto de cadáveres] que ocorreram lá”, disse.

Os corpos são de um bebê natimorto e de uma adolescente de 12 anos, que morreram de forma natural. Um terceiro túmulo também foi violado, de outro bebê, mas o cadáver não foi furtado. Quem encontrou os túmulos abertos foi o vigia do cemitério que chegou para trabalhar por volta das 6h e percebeu a falta.

Na terça-feira (21), a cabeça da adolescente foi encontrada enrolada numa camiseta em meio aos túmulos. A menina havia sido sepultada há 15 dias. Tanto o resto mortal quanto a camiseta foram periciados, mas os resultados dos laudos ainda não ficaram prontos. “Estão no prazo. Conversei com os peritos e estamos trabalhando juntos”, disse a delegada Elisângela.

A prefeitura de Ponta Porã se comprometeu a melhorar a segurança dos dois cemitérios da cidade, com a instalação de câmeras de segurança, mais pontos de iluminação e arame farpado no muro. Até o momento ninguém foi preso.

“Nós vamos implantar um sistema de segurança entorno do cemitério, implantar uma iluminação mais eficaz e sistema de segurança nos muros, talvez com cerca elétrica ou com arames. Vamos adequar, já que aconteceu isso daí, tem a possibilidade de ocorrer de novo”, afirmou o secretário municipal de Segurança Pública do município, Candinho Gabínio. Ele não soube dizer quantos corpos estão enterrados no local.

Segundo o prefeito Eduardo Campos (PSDB), o cemitério é o mais recente aberto no município, inaugurado em 2010. Segundo o gestor, é popular, sem jazigos que contenham material que possa atrair ladrões em busca de algo de valor. O caso foi registrado como destruição, subtração ou ocultação de cadáver.

A reportagem entrou em contato com a avó de um dos corpos furtados mas ela disse que não tem autorização para falar.

Movimentação de policiais no cemitério (Foto: reprodução/Ponta Porã em Dia) 
Movimentação de policiais no cemitério (Foto: reprodução/Ponta Porã em Dia)
Intolerância - Depois que o fato foi amplamente divulgado pelos meios de comunicação, surgiram vários comentários preconceituosos. O titular da 4.ª Promotoria de Justiça de Dourados explicou que recebeu de um jornalista fotos de comentários criminosos feitos na página do veículo de comunicação e então decidiu tomar providências.“Adotei as providências para que os fatos sejam apurados já que, em tese, configuram crime de preconceito religioso”, pontuou João Linhares Junior.

A Organização Religiosa de Candomblé de Angola do Izo Kewalange emitiu nota de repúdio referente aos comentários racistas e de intolerância religiosa contra a religião de matriz africana. A entidade cita lei vigente no país contra racismo e intolerância religiosa e lei do crime racial. “Aos leigos, aos preconceituosos e aos racistas, reforçamos aqui a Lei que ampara e dá fé ao crime que fizeram em comentários abaixo das reportagens em mais diversos veículos de mídia. O candomblé é uma religião que tem como um dos seus fundamentos o enorme respeito aos ancestrais, sendo assim, jamais compactuamos com tal prática desumana”.

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