Fazendeira tem 5 dias para retirar gado e terá audiência com índios na terça
Em reunião realizada no sábado (29) entre a proprietária da fazenda Retiro Maria do Carmo e lideranças indígenas do grupo que ocupou o local na sexta-feira (28), ficou acordada a retirada do gado em cinco dias.
No encontro, intermediado pelo procurador do MPF (Ministério Público Federal), Emerson Kalif, os índios terena se comprometeram a não causar nenhum prejuízo a propriedade que fica em Aquidauana, no distrito de Taunay, a 135 quilômetros de Campo Grande.
Está marcada para terça-feira (2) uma audiência de conciliação entre as partes. Conforme o coronel da Polícia Militar que esteve na reunião de sábado e acompanha o caso, Renato Tolentino, já não há mais clima de tensão e cerca de cem índios permanecem na entrada da fazenda. A família da proprietária, funcionários e amigos que estavam na casa no dia da ocupação já deixaram o local.
A proprietária Salma Salomão Salgado pretende retirar o gado do local, pois teme prejuízos, mas acredita que cinco dias é um prazo muito curto. “Não dá para retirar da fazenda 4 mil cabeças nesse tempo, mas eu quero tirar os animais de lá, porque aquilo é uma 'panela de pressão'”, disse Salma, que participa hoje (1º) de reunião sobre o assunto com representantes da Acrissul (Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul).
De acordo com o Coronel Tolentino, a Polícia Militar acompanha as negociações e também a movimentação na entrada da fazenda. Em carta aberta divulgada no domingo (29), os indígenas afirmaram que enquanto o Ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, não assinar a portaria declaratória da terra, as comunidades continuarão as retomadas.
O processo demarcatório da Terra Indígena Taunay/Ipegue começou há 29 anos, segundo os indígenas, que reclamam a demarcação com base em prazo de cinco anos determinado pela Constituição Federal de 1988. A área onde está localizada a fazenda Retiro Maria do Carmo teve os estudos de identificação conclusos em 2004 e foi reconhecida como terra indígena, junto a outras 16 propriedades da região. A Justiça Federal suspendeu o processo demarcatório atendendo pedido dos fazendeiros, em 2010.