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Interior

Índios denunciam omissão da Força Nacional no combate ao tráfico em área

Caroline Maldonado | 24/10/2014 13:53
Indígenas se reuniram nesta manhã com membros da OAB (Foto: Caroline Maldonado)
Indígenas se reuniram nesta manhã com membros da OAB (Foto: Caroline Maldonado)

Ameaçados por um mandado de reintegração de posse expedido pela Justiça Federal de Ponta Porã, indígenas da comunidade Kurussu Amba, próximo a cidade de Coronel Sapucaia, reuniram-se, hoje (24), com membros da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/MS), em Campo Grande, para denunciar a omissão da Força Nacional em relação aos ataques armados contra os Guarani e Kaiowá e ao tráfico de drogas na região, que põe em risco as mais de 60 famílias acampadas em fazenda que fica a 400 quilômetros de Campo Grande.

O mandado de reintegração, expedido no dia oito deste mês, dá prazo de 20 dias para que os indígenas deixem a área retomada que fica entre a lavoura e a mata. Os indígenas não pretendem sair do local até o dia 28, mas temem a intensificação dos ataques armados e até que um despejo esteja sendo planejado por fazendeiros.

Os indígenas lamentam ainda a falta de assistência por parte dos órgãos competentes, que compromete a saúde e educação, em especial das crianças. “A gente é absolutamente desassistido, as crianças estão sem estudar, passam fome com a gente e não podemos nem contar com alguma autoridade local. Enquanto a gente continuar nessa situação de retomada, o que decidimos é que, pelo menos, vamos ganhar mais espaço para plantar”, conta o líder Kaiowá Ismarth Martins.

O tráfico de drogas na região também é motivo de preocupação para as famílias indígenas, que se sentem acoadas no território. “Várias vezes já foi encontrado carro abandonado com drogas lá perto, por isso nós estamos reivindicando segurança também por ser área de fronteira”, disse o Kaiowá Eliseu Lopes, durante reunião com membros da OAB.

Apoio – Recebidos por membros das comissões permanentes de Direitos Humanos e de Assuntos Indígenas, as lideranças relataram os fatos ocorridos nas últimas semanas, enfatizando o sofrimento com a fome, já que as cestas básicas não são entregues, além do medo de ataques armados.

Presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB/MS disse que vai cobrar respostas do Ministério da Justiça e Funai (Foto: Caroline Maldonado)
Presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB/MS disse que vai cobrar respostas do Ministério da Justiça e Funai (Foto: Caroline Maldonado)

Segundo o presidente da Comissão Permaente de Direitos Humanos, Joatan Loureiro da Silva, as queixas serão encaminhadas à Funai (Fundação Nacional do Índio), a fim de obter retorno quanto ao andamento da demarcação e outros documentos serão enviados ao Ministério da Justiça, cobrando respostas quanto a situação que põe em risco a vida da comunidade indígena.

“Vamos informar o Ministério da Justiça sobre a segurança, de omissão de agentes da Polícia Federal sendo coniventes com fazendeiros que andam livremente armados e com relação a Força Nacional que poderia estar na região coibindo o tráfico e tem condições também de se fazer presente na comunidade em tempo integral. Queremos saber do Ministério qual o papel da Força Naional, pois sabemos que tem recurso para estarem lá e não estamos percebendo resultado do trabalho deles”, disse o presidente da Comissão.

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