Funai investiga ataque de homens armados a acampamento de índios Kaiowá
Após denúncia de indígenas Kaiowá sobre um ataque de homens armados com facas que destruíram acampamentos da comunidade Kurusu Ambá, em Coronel Sapucaia, a 400 quilômetros de Campo Grande, a Funai (Fundação Nacional do Índio) informou que tem conhecimento e acompanha o caso, mas não deu detalhes do encaminhamento da queixa.
De acordo com relatos dos indígenas a membros do Cimi (Conselho Indigenista Missionário), o caso ocorreu na sexta-feira (3), quando as 50 famílias que estão acampadas na sede da fazenda que consideram seu tekohá, a terra tradicional, se deslocaram até outra área para receber atendimento de agentes da Sesai (Secretaria Especial de Saúde Indígena). Por volta das 15 horas, “quatro sujeitos armados invadiram a sede da fazenda retomada pelos indígenas e desferiram golpes de facão contra as barracas montadas pelas famílias Kaiowá”, conforme os relatos.
A Funai, informou ainda que sabe que o ocorrido se tratou de “uma ação envolvendo não índios armados contra indígenas”, mas destacou que “ninguém ficou ferido”. Já a assessoria jurídica do Cimi, garantiu que informou a Polícia Federal sobre o caso, mas até ontem a tarde não teve retorno; além disso compartilhou os depoimentos dos índios com membros da Conselho de Direitos Humanos da Nações Unidas (UNHRC).
Conforme o Cimi, os Kaiowá de Kurusu Ambá não têm intenção de deixar o local, mesmo com constantes ameaças e informaram que estão começando o plantio para subsistência da comunidade. Os indígenas garantem que permacerão no acampamento até a demarcação. “Para os indígenas, voltar à situação na qual estava significa escolher 'uma outra forma de morrer'. Nesse caso, a morte pela fome, pela desnutrição crônica e pelas doenças provocadas pelos agrotóxicos junto ao riacho que corta seu antigo acampamento. Toda esta situação já foi denunciada inúmeras vezes por inúmeras organizações internacionais de direitos humanos. O governo federal não fez questão”, reclama o Cimi em publicação no site da entidade.
O Campo Grande News tentou contato, por telefone, com um dos moradores de Kurusu Ambá, mas o número estava fora de área, possivelmente pela localização do acampamento.