Juiz absolve envolvido em morte de advogado e condena outro a sete anos
No assalto, ocorrido em outubro do ano passado, advogado Márcio Alexandre foi morto pelo amigo, um agente da PF, que o teria confundido com um dos criminosos
Dois dos quatro acusados de envolvimento no assalto que terminou na morte do advogado Márcio Alexandre dos Santos, 36, no dia 25 de outubro do ano passado em Dourados, a 233 km de Campo Grande, foram julgados nesta semana pelo juiz da 2ª Vara Criminal, Marcus Vinícius de Oliveira Elias.
Isaque Daniel Gonçalves Baptista, 23, o “Carioca”, que estava armado com um revólver calibre 22 e foi ferido na barriga por dois tiros disparados pelo policial federal Marcello Portela da Silva, amigo do advogado, foi condenado a sete anos e quatro meses de prisão.
Emerson Antunes Machado, 22, o “Alemão”, que estava junto com os outros três acusados e que também havia sido denunciado pelo Ministério Público por latrocínio (roubo seguido de morte), foi absolvido. Localizado alguns dias depois da morte, Emerson estava preso até este mês e após a sentença ganhou liberdade.
Pena mais leve – Na sentença, o juiz Marcus Vinícius acolheu o pedido da defesa e desclassificou a denúncia de latrocínio por roubo majorado. Pesou a favor de Emerson Machado a versão contada por Isaque Baptista, de que ele não tinha conhecimento do assalto.
O promotor Eduardo Fonticielha De Rose, titular da 7ª Promotoria de Justiça de Dourados, informou ao Campo Grande News que o Ministério Público considera a sentença “bem fundamentada” e não vai apresentar recurso.
Quem matou foi o policial – Ao embasar a desqualificação do crime de “latrocínio” para “roubo majorado”, o juiz da 2ª Vara Criminal de Dourados afirma que os tiros que mataram Márcio Alexandre não partiram da arma de Isaque, mas foram disparados pelo policial federal Marcello Portela.
Ainda na fase de inquérito, Isaque já havia dito que não teve tempo de atirar, pois foi atingido pelo policial e caiu no chão. Minutos depois do roubo, ele se levantou e correu até um hospital particular nas proximidades e levado para o Hospital da Vida, onde foi preso na manhã seguinte.
Foragidos – Outros dois acusados de envolvimento no assalto contra o advogado – Ângelo Ramão Bardão Rocha, o “Gordinho”, e Aldair Barbosa Souza, o “Bruno” – continuam foragidos. O processo contra eles foi desmembrado.
Gordinho ajudou diretamente no roubo e levou a caminhonete Hilux SW4 para o Paraguai. Foi ele que tirou o advogado da cabine e assumiu a direção do veículo. Na mesma madrugada levou a caminhonete para o Paraguai, até hoje não encontrada. Aldair era dono do Gol dourado usado no assalto.
Policial – No mesmo despacho sobre a sentença, o juiz Marcus Vinícius determinou extração integral de cópias dos autos e envio ao Ministério Público para que o policial federal Marcello Portela fosse denunciado por homicídio e levado a júri popular.
Segundo o juiz, o policial agiu “de forma extremamente excessiva” ao sacar a arma e atingir o advogado, seu próprio amigo, com oito tiros nas costas e na cabeça, “inclusive depois de caído ao chão”.
Portela alega ter confundido o amigo com um dos assaltantes. Segundo ele, os dois estavam bêbados e pararam a caminhonete para urinar.
Isaque Baptista também afirmou na fase de inquérito que o advogado e Ângelo Rocha, o Gordinho, eram parecidos fisicamente e estariam usando roupas semelhantes naquele dia.
O rapaz disse que, ao ver o homem caído no chão após os tiros disparados pelo policial, chegou a pensar que fosse seu cúmplice, Ângelo Rocha. Só no outro dia ficou sabendo que o morto era o advogado. Portela aguarda a decisão da Justiça em liberdade.