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Interior

Juiz nega liberdade a empresário acusado de lavar dinheiro do tráfico

Defesa de Claudinei Tolentino Marques apontou demora na conclusão de inquérito da Polícia Federal

Por Helio de Freitas, de Dourados | 24/06/2024 15:06
Claudinei faz pose com fuzil em sua loja de armas em Dourados; ele está preso desde maio (Foto: Reprodução)
Claudinei faz pose com fuzil em sua loja de armas em Dourados; ele está preso desde maio (Foto: Reprodução)

O juiz Bruno Cezar Da Cunha Teixeira, da 3ª Vara Federal em Campo Grande, negou liberdade ao empresário douradense Claudinei Tolentino Marques, 42, investigado no âmbito da Operação Prime por suposta ligação com organização internacional de tráfico de drogas.

Dono de empresas do ramo de construção civil e de uma loja de armas em Dourados, Claudinei foi preso pela Polícia Federal no dia 15 de maio deste ano junto com outros investigados no esquema chefiado pelos irmãos Marcel Martins Silva, 35, e Valter Ulisses Martins Silva, 27.

Entre as suspeitas investigadas pela PF está o fato de Claudinei ter ganhado 13 vezes na Quina, loteria da Caixa Econômica Federal, no intervalo de poucos dias.

A defesa de Claudinei entrou com pedido de liberdade provisória alegando excesso de prazo da prisão preventiva, tendo em vista que o inquérito ainda não foi concluído. Na semana passada, o mesmo juiz já havia concedido mais 30 dias para a PF concluir as investigações.

“Não se verifica excesso de prazo na conclusão das investigações. Em primeiro lugar, as investigações em curso abrangem um suposto grupo criminoso cujo núcleo delitivo repousa sobre o tráfico transnacional de entorpecente, ainda que, em tese, também implicado na prática de lavagem de capitais e outros crimes para garantir a contínua operacionalização do esquema e a fruição do proveito econômico da narcotraficância em larga escala”, afirmou o juiz federal ao rejeitar o pedido.

Bruno Cezar Teixeira citou que, embora tenha esgotado o prazo para conclusão do inquérito policial com réus presos, somente se verifica o constrangimento ilegal por excesso de prazo quando esta demora for injustificada. “A complexidade das investigações, verificada em concreto, pode justificar o prolongamento das investigações”, afirmou.

No caso em análise, segundo ele, a complexidade das investigações é evidente, por se tratar de suposto grupo criminoso internacional articulado, hierarquizado e estruturado, ao qual se incorporam esquemas de lavagem de capitais e evasão de divisas.

“As diligências ostensivas abrangeram a deflagração simultânea das Operações Sordidum e Prime, abrangendo três diferentes núcleos criminosos, dezenas de prisões e mais de 60 mandados de busca e apreensão em diversos estados brasileiros, resultando na arrecadação de grande quantidade de material apreendido que deve ser periciado, dentre outras diligências complexas e cruzamentos de informações e dados obtidos”, explicou ao negar a liberdade.

Relatório da PF que embasou os pedidos de prisão e de busca e apreensão da Operação Prime afirma que as três empresas de Claudinei – GR Construtora e Incorporadora, CCRG Construtora e Federal Armas – foram usadas para lavagem de dinheiro oriundo do comércio de drogas.

As operações eram “maquiadas” através da venda de veículos de luxo, entre eles uma BMW 320i M Sport, uma Toyota Hilux SW4 e uma caminhonete RAM.

O dinheiro entrava nas contas das empresas de Claudinei através de depósitos em espécie e também por meio do doleiro Hector Rodrigo Salinas Esquível, que opera na linha internacional entre Ponta Porã e Pedro Juan Caballero a serviço dos irmãos Marcel e Valter Martins.

Irmão - No final de maio, o desembargador Ali Mazloum, do TRF (Tribunal Regional Federal) da 3ª Região, já havia liberdade ao irmão de Claudinei, o também empresário Luiz Antonio Tolentino Marques, 47, preso na mesma operação.

Dono de loja de veículos em Santa Fé do Sul (SP), Luiz Antonio é suspeito de lavagem de dinheiro do tráfico. A PF afirma que ele passou de trabalhador com carteira assinada para milionário, com movimento de pelo menos R$ 85 milhões entre 2020 e 2023, dos quais R$ 45 milhões apenas em suas contas pessoais.

Outro lado – Segundo a defesa de Claudinei, as transações bancárias são todas decorrentes de negócios lícitos, baseados em contratos formais e que as suspeitas serão todas devidamente esclarecidas ao longo do processo.

Quanto aos prêmios de loteria, o advogado Luiz Gustavo Bataglin Maciel informou que se trata de “bolão” em que várias pessoas de Dourados participaram e receberam valores correspondentes às suas cotas.

Sobre transações entre os irmãos Tolentino tratadas como suspeitas, a defesa esclarece que foram apontadas como atípicas devido ao valor expressivo. “Contudo, todas estão alicerçadas em negócios lícitos, e além disso, constam das declarações de Imposto de Renda de ambos”.

Segundo o advogado, as vendas dos dois veículos que acabaram colocando Claudinei na investigação também possuem contratos formalizados e poderiam ter sido esclarecidas caso ele fosse intimado para ser ouvido e fornecer documentos.

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