Justiça afasta médico denunciado por abusos e cobrança indevida do SUS
Ricardo Chauvet foi gravado cobrando R$ 1 mil para retirar um pólipo do útero de uma paciente internada na Santa Casa
A justiça determinou o afastamento do médico Ricardo da Fonseca Chauvet, de 57 anos, suspeito de cobrar por cirurgias feitas pelo SUS (Sistema Único de Saúde) e também de abusar sexualmente de pacientes, dos atendimentos pelo sistema público de saúde de Corumbá, município a 419 quilômetros de Campo Grande.
Conforme o promotor Luciano Conte, do Ministério Público Estadual, a determinação afasta Ricardo das funções na Santa Casa e no Centro de Saúde da Mulher de Corumbá, sem remuneração e com medida cautelar diversa da prisão, que o mantém em liberdade. “Ele não poderá atuar junto ao SUS. Poderá atender só privado”, detalhou.
Logo que a denúncia foi feita, Ricardo Chauvet chegou a parar de atender pacientes dos dois locais por conta própria, mas voltou a atuar dias depois. Ginecologista, ele é suspeito cobrar R$ 1 mil para retirar um pólipo do útero de uma paciente internada pelo SUS(Sistema Único de Saúde) na maternidade da Santa Casa da cidade.
No mês passado, Chauvet teve a liberdade garantida após o juiz da 2ª Vara Criminal de Corumbá negar um pedido de prisão feito pelo Ministério Público. O promotor do caso entrou com recurso da decisão e agora o pedido é analisado pelo TJMS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul).
O promotor explica que a medida é necessária por conta da gravidade da conduta, da violação dos deveres éticos do médico cobrando de pacientes carentes do SUS e a reiteração do crime. “Pois várias vítimas já procuraram o Ministério Público para denunciar o médico”, revelou Conte, sem detalhar quantas vítimas do médico já foram identificadas.
Entenda - Chauvet foi gravado em áudio pela estudante de direito Kerolaine Campelo dos Santos, de 25 anos, cobrando R$ 1 mil dela para retirar um pólipo do útero da paciente.
Na gravação o médico fala que pode manter a paciente internada no hospital, mas que o pagamento da cirurgia teria de ser feito “em dinheiro, sem recibo e antecipado, tá? Isso te custaria mil reais, tá? Só que isso é ilegal, tá? Mas eu tenho duas opções: ou o ilegal ou eu não faço", diz o médico.
Depois disso, começaram a surgir informações de outras denúncias envolvendo o profissional. Conforme apuração do Campo Grande News, o médico também é investigado por crime de violação sexual mediante fraude contra outra paciente. A vítima relatou que durante exame de toque o suspeito teria feito insinuações sexuais. O caso aconteceu em novembro e dezembro de 2015.