Justiça bloqueia R$ 1 milhão dos suspeitos de pagar propina a ex-prefeito
De acordo com o Ministério Público, esquema beneficiou empresa contratada para fornecer medicamentos e produtos hospitalares
Investigado em esquema de propina, Álvaro Nackle Urt, prefeito cassado de Bandeirantes, a 70 quilômetros da Capital, está entre investigados que tiveram pouco mais de R$ 1 milhão em bens bloqueados pela Justiça de Mato Grosso do Sul, em decisão proferida nesta segunda-feira (18), em processo que investiga improbidade administrativa em procedimentos licitatórios para contratação de empresas fornecedoras de medicamentos e produtos hospitalares e odontológicos.
Em julho do ano passado, Álvaro já havia tido R$ 78 mil bloqueados como forma de ressarcimento ao dano causado após denúncia de irregularidades em licitação na contratação de empresa para reforma escolar. A decisão atual é do juiz Daniel Foletto Geller, da comarca de Bandeirantes.
Conforme denúncia do Ministério Público, durante o mandato do ex-prefeito, que começou no primeiro semestre de 2017, houve a realização de compra direta de medicamentos, sem qualquer procedimento formal de justificação prévia, bem como a contratação de empresa mediante ajuste, fraude e combinação ilícitas em razão de vantagem ilícita recebida por servidor público.
Investigações apontam que Álvaro, assim como um servidor público ligado a ele, teriam recebido cerca de R$ 40 mil para, em troca, beneficiar a empresa investigada em contratações por parte do município. O pagamento teria sido feito pelo sócio-proprietário da empresa.
Ainda segundo denúncia, a empresa chegou a ser contratada diversas vezes pela administração de Álvaro, mediante inexigibilidade de licitação ilícita.
Consta ainda nas investigações, que durante os processos de contratação, os investigados praticaram diversos atos na tentativa de obstruir as investigações, especialmente o ex-prefeito e um servidor público.
Somando todos os pagamentos feitos a empresa, o valor repassado pela prefeitura chega a R$ 1.037.731,35 de acordo com o Ministério Público. Este é o valor em bens que deve ser bloqueado dos investigados, o que incluiu averbação de fazenda e bloqueio de veículos de Álvaro Nackle Urt e outros três investigados.
Conforme decisão de Geller, os investigados têm 15 dias para se manifestarem. A reportagem tentou contato com Urt, que não atendeu ligações.
Cargo - Cassado pela Câmara Municipal de Bandeirantes, em 2020, Urt foi considerado pelo TRE-MS (Tribunal Regional Eleitoral de Mato Grosso do Sul) inelegível. Isso porque, mesmo cassado, ele concorreu a liderança do executivo municipal, ano passado, e venceu com 50,36% dos votos. Ele recorreu da decisão, mas teve o pedido negado.
Com o resultado da eleição ainda sub judice, o vereador Edervan Gustavo Sprotte (DEM) foi eleito presidente da Casa de Leis, liderando a chapa União e Renovação. Na sequência, durante sessão nesta sexta-feira, foi empossado prefeito interino.