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Interior

Justiça confisca fazenda de ex-assessor de Maurílio Azambuja

Edmilson Alves Fernandes, que está preso por outra operação, já tinha pago R$ 1,7 milhão pela propriedade

Helio de Freitas, de Dourados | 16/02/2022 10:04
Viatura da polícia em fazenda comprada com dinheiro desviado da prefeitura. (Foto: Divulgação)
Viatura da polícia em fazenda comprada com dinheiro desviado da prefeitura. (Foto: Divulgação)

Fazenda avaliada em pelo menos R$ 3,1 milhões, comprada pelo ex-chefe do setor de licitações da Prefeitura de Maracaju Edmilson Alves Fernandes, foi confiscada pela Justiça por suspeita de ter sido comprada com dinheiro desviado do cofre público. A propriedade fica no município de Bodoquena.

O sequestro da fazenda e os mandados de busca e apreensão na propriedade rural e na casa do vendedor do imóvel foram cumpridos nesta terça-feira (15) pela Polícia Civil, na operação que recebeu o nome de “Fraldas Fantasmas”.

Há indícios de que parte do dinheiro usado no negócio foi desviada da compra de fraldas por parte da Prefeitura de Maracaju, na gestão do ex-prefeito Maurílio Azambuja (MDB), mas nunca entregues à municipalidade.

Homem de confiança de Maurílio Azambuja, Edmilson Alves Fernandes foi preso em setembro do ano passado, no âmbito da Operação Dark Money, deflagrada pelo Dracco (Departamento de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado).

O ex-prefeito também foi preso na mesma operação, assim como outros sete investigados, mas Maurílio Azambuja está em prisão domiciliar e se recupera de cirurgia feita na semana passada.

Edmilson segue preso no Centro de Triagem Anísio Lima, em Campo Grande, assim como o ex-secretário de Fazenda de Maracaju Lenilso Carvalho Antunes e o empresário Pedro Everson Amaral Pinto.

A Operação Fraldas Fantasmas é desdobramento da Operação Dark Money. Durante as investigações sobre o desvio de R$ 23 milhões através de caixa 2, a polícia descobriu sobre a licitação de R$ 100 mil para compra de fraldas descartáveis, que não teriam sido entregues.

Diante da suspeita, a Polícia Civil em Maracaju instaurou inquérito para apurar peculato, lavagem de capitais, falsidade ideológica e organização criminosa contra a gestão municipal de 2017 a 2020.

Durante a investigação, a polícia apurou que Edmilson estava em processo de compra da fazenda em Bodoquena por R$ 3,1 milhões. Havia indícios da existência de contrato de gaveta referente à compra e venda do imóvel rural.

Diante da suspeita de que a fazenda estava comprada com dinheiro desviado da compra de fraldas e da “conta fantasma” investigada na Dark Money, a polícia pediu o sequestro e indisponibilidade da propriedade. Buscas e apreensões também foram autorizadas na fazenda e na residência do vendedor do imóvel.

O contrato de gaveta localizado durante as buscas mostra que Edmilson Alves Fernandes já tinha pago R$ 1,7 milhão pela fazenda e já havia, inclusive, arrendado o imóvel para terceiros.

A operação foi coordenada pela Delegacia de Polícia de Maracaju, com o apoio das delegacias de Miranda e de Bodoquena. De acordo com o delegado Guilherme Sarian, responsável pela investigação, a expressão “fraldas fantasmas” foi alusão ao termo “servidor fantasma”, contratado por órgão público e que nunca aparece para trabalhar.

“No caso, as fraldas foram objeto de licitação na Prefeitura de Maracaju, sendo devidamente pago o valor de R$ 100.050,00 à pessoa jurídica vencedora do certame, porém as fraldas nunca apareceram no órgão municipal”, explicou. As investigações continuam.

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