Justiça nega liberdade a “braço direito” de irmãos traficantes
Mario David Distefano Fleitas é apontado como representante de Marcel e Valter Martins Silva no Paraguai
O juiz Bruno Cezar da Cunha Teixeira, da 3ª Vara Federal em Campo Grande, negou liberdade a mais um dos presos na Operação Prime, desencadeada pela Polícia Federal simultaneamente à Operação Sordidum no dia 15 de maio deste ano. As duas ações investigam organizações internacionais de tráfico de cocaína atuantes na linha internacional entre Mato Grosso do Sul e o Paraguai.
Mario David Distefano Fleitas, de nacionalidade brasileira, é apontado pela PF como o braço direito no Paraguai dos irmãos Valter Ulisses Martins Silva, 27, e Marcel Martins Silva, 35, supostamente os principais líderes do esquema de narcotráfico.
Em território paraguaio, ele era o responsável pela administração dos imóveis e dos gastos da família naquele país e suspeito de envolvimento na execução de um funcionário dos irmãos Martins, ocorrida em 2022, supostamente a mando dos chefes.
Com prisão decretada no âmbito da Operação Prime, Mario Fleitas não foi encontrado no dia 15 de maio, mas dias depois se entregou na Delegacia da PF em Ponta Porã e segue recolhido.
Filhos pequenos – No mês passado, a defesa dele entrou com pedido de liberdade alegando que Mario Fleitas é pai de criança recém-nascida, se apresentou voluntariamente, que os crimes sob investigação não envolvem violência ou grave ameaça e que o risco à ordem pública e outros requisitos da prisão preventiva não estão presentes.
O advogado de Fleitas apontou também que o investigado possui residência fixa e ocupação lícita, é tecnicamente primário e que possui três filhos menores, os quais são seus dependentes financeiros.
Apontou ainda que o grupo criminoso foi debelado pela Operação Prime, ocasionando a perda dos requisitos da prisão preventiva e cabendo, nesse caso, a fixação de medidas cautelares, pois liderança do grupo está isolada em decorrência da prisão cautelar, “tornando inviável a continuidade da prática criminosa”.
O MPF (Ministério Público Federal) deu parecer contrário à liberdade, manifestação seguida pelo magistrado federal.
O juiz Bruno Cezar da Cunha Teixeira cita que Mario Fleitas atuava diretamente subordinado aos supostos líderes da organização e administrava parte substancial dos bens em nome de “laranjas”, além de figurar como gerente da empresa Agrocanaã, com sede no Paraguai, utilizada na lavagem de dinheiro.
“Há elementos indicando efetiva participação relevante nas atividades do grupo criminoso, mormente nas atividades ligadas ao mascaramento de bens e valores. A alegada ausência de crimes praticados com violência ou grave ameaça vai de encontro ao conjunto indiciário, haja vista que foram expostos indícios de que o núcleo liderado pelos irmãos Martins estaria implicado na execução de Lider Ramon Ruiz Recalde, ex-funcionário da empresa Agrocanaã, com possível envolvimento do próprio peticionante [Mario Fleitas]”, afirmou o juiz.
O magistrado também cita que outros membros do grupo criminoso permanecem foragidos, incluindo Valter Ulisses Martins Silva, irmão e braço direito de Marcel Martins e chefe de Mario Fleitas. “As medidas cautelares diversas da prisão seriam insuficientes para resguardar a ordem pública e assegurar instrução criminal e aplicação da lei penal”, afirmou.
Segundo a PF, há “numerosos indícios” de que Valter e Marcel providenciaram a contratação de pistoleiros paraguaios para a execução de Lider Ramon Ruiz Dias Recalde, em 24 de agosto de 2022, no povoado de Arroyto, a 145 km de Ponta Porã.
O crime teria sido praticado pelos pistoleiros Walter Ramón Duarte Espínola e Carlos Enrique Centurión Sosa, presos pela Senad (Secretaria Nacional Antidrogas) uma semana depois com grande quantidade de armas e munições. Mario David Distefano Fleitas, 31, foi preso junto com os pistoleiros, mas logo saiu da cadeia.
Conversa interceptada pela PF revela que Valter Ulisses deu a ordem direta a Mario Fleitas para o assassinato de Lider Ramon. “Faz a liquidación do Ramon”.
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