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Interior

Legista atesta que funcionário de Pavão cometeu suicídio ao ver filho morto

Para médico do Ministério Público paraguaio, autópsia reforça versão do segurança, de que Willian Bernal atirou na própria cabeça ao ver o filho crivado de balas no banco de trás de caminhonete

Helio de Freitas, de Dourados | 27/10/2017 15:09
Toyota Fortuner crivada de balas pertence a uma empresa ligada a traficante mais procurado no Paraguai (Foto: ABC Color)
Toyota Fortuner crivada de balas pertence a uma empresa ligada a traficante mais procurado no Paraguai (Foto: ABC Color)

Pablo Lemir, médico legista do Ministério Público do Paraguai, disse hoje (27) que a autópsia confirmou que Willian Gimenez Bernal, 28, ligado ao narcotraficante Jarvis Gimenes Pavão, atirou na própria cabeça ao ver o filho, de cinco anos, morto após ser crivado de tiros de fuzil no atentado ocorrido quarta-feira (25), em Assunção.

Inicialmente, a polícia paraguaia suspeitava que Willian tivesse sido morto pelos pistoleiros, que estavam em uma Toyota Hilux bordô. Entretanto, o segurança e primo dele, Willer Lescano Gimenez, disse que o patrão havia tirado a própria vida ao ver que o filho morto.

Segundo ele, ao olhar para o banco de trás da caminhonete Toyota Fortuner, Willian viu o filho Gabriel morto, entrou em desespero, pegou a pistola calibre 9 milímetros, encostou na cabeça e puxou o gatilho.

Autópsia – Em entrevista coletiva hoje em Assunção, Pablo Lemir apresentou detalhes da autópsia feita em Willian Bernal. Segundo o médico, o homem tinha um impacto de bala no lado superior esquerdo da cabeça. O projetil saiu do lado direito, acima da orelha. O boné usado por Willian também tinha duas perfurações.

Segundo o médico legista, um detalhe importante é que ao redor do buraco da bala no boné havia marcas de pólvora, indicando que tiro foi disparado de uma distância muito curta. “A trajetória do projétil foi de esquerda para a direita, ligeiramente de cima para baixo”, concluiu o médico.

Narcotráfico – Segundo a polícia paraguaia, a Toyota Fortuner usada por Willian Bernal pertence ao grupo empresarial Cristo Rey S/A, de Pedro Juan Caballero, vinculado ao narcotraficante Clemencio "Gringo" Gonzalez Gimenez, bandido mais procurado atualmente no Paraguai.

Nascido em 23 de novembro de 1959, em Horqueta, no Paraguai, Clemencio passou quase toda a vida em Pedro Juan Caballero, onde ganhou o apelido de Gringo e se tornou chefe do narcotráfico, mas sempre se manteve distante da guerra travada entre os demais traficantes.

Em 2010, a Senad (Secretaria Nacional Antidrogas) apreendeu 500 quilos de cocaína na fazenda 8 de Dezembro, a 80 km de Pedro Juan Caballero. A propriedade pertencia a Gringo Gonzales.

De janeiro de 2017 até agora, ocorreram pelo menos seis atentados contra pessoas ligadas a Gringo e ao grupo Cristo Rey. A polícia suspeita que a facção criminosa brasileira PCC (Primeiro Comando da Capital) esteja por trás dos ataques.

O mistério para a polícia é por que Willian Bernal, que seria funcionário do brasileiro Jarvis Gimenes Pavão, a quem visitava frequentemente na prisão em Assunção, estava usando um veículo da empresa de Gringo, já que os dois narcotraficantes seriam inimigos.

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