Mãe de crianças espancadas e queimadas diz que ex não aceitava fim de relação
As meninas, de 5 e 11 anos, seguem internadas na Santa Casa em estado gravíssimo
A mãe das irmãs de 5 e 11 anos, que foram vítimas de um incêndio criminoso na própria casa, em Sidrolândia, a 71 km da Capital, afirmou que o ex-namorado, principal suspeito do crime, com quem a mulher esteve por três meses, não aceitava fim do relacionamento.
"Tivemos brigas, mas ele nunca demonstrou que faria algo contra mim ou contra minhas filhas. A gente não esperava que ia acontecer uma coisa dessas", comentou a mãe das vítimas, em coletiva de imprensa, na tarde deste sábado (9), na Santa Casa de Campo Grande, onde as crianças estão internadas em estado gravíssimo.
Segundo ela, o término aconteceu há duas semanas. Durante a coletiva, a mãe da menina também ressaltou que tiveram desentendimentos no relacionamento, mas nunca chegaram a registrar boletins de ocorrência. "Eu terminei e falei que não ia voltar mais. Desde que falei que cortaria a relação, ele não me ameaçou. Só que aconteceu isso".
Além disso, ela reiterou que acredita que o ex-namorado seja o autor do crime, já que um homem com as mesmas descrições foi visto no local. "Ele disse ter visto um rapaz alto sair de um terreno, atrás da nossa casa, e que tinha moto em frente de casa. Disseram que esse homem perguntou o que estava acontecendo e saiu".
À polícia, o suspeito afirmou que havia saído de uma festa e que passou pelo bairro da ex-namorada. "Ele declarou que estava em uma festa e que no final, passou pelo bairro e, ao passar em frente à minha casa, parou para urinar e foi embora. Mas isso não tem contexto, porque o caminho da casa dele não tem nada a ver com o caminho da minha casa. Ele também sabia que eu não estava em casa nesse horário, porque estava no trabalho", explica a mãe das vítimas.
De acordo com a genitora, o estado de saúde das crianças é delicado. A menina de 11 anos está com 70% do corpo queimado e ambas estão com traumatismo craniano grave devido a agressões anteriores. "Os médicos falaram que o estado é grave".
As crianças foram socorridas e estão internadas na Santa Casa, em estado gravíssimo, em coma induzido. O suspeito ainda está sob custódia e a investigação está sendo feita pela delegacia do município, onde o crime aconteceu.
Noite do crime - O caso aconteceu na madrugada desta sexta-feira (8), na Rua General Pinho, no Bairro São Bento, em Sidrolândia, município que fica a 70 km de Campo Grande. Segundo a mãe da meninas, ela partiu para o trabalho na quinta-feira (7), por volta das 23h, horários que começa o expediente dela em unidade de indústria de alimentos, e deixou as crianças em casa assistindo televisão.
Ela relata que, apesar de normalmente ficarem sob os cuidados de uma babá, nesse dia, as meninas optaram por ficar em casa. Ao sair, a mãe deixou a residência aberta, com o portão trancado.
Elas sempre tiveram alguém para cuidar, mas nesse dia, elas queriam ficar assistindo TV. A mais nova queria também. Eu deixei elas, mas não foi abandono, porque eu precisei sair para trabalhar e fiquei monitorando", comenta a mãe das menores.
A mãe também relatou à imprensa que a casa está equipada com câmeras de segurança, operando via Wi-Fi. Durante o expediente, ela monitorava as crianças por meio dessas câmeras e até às 00h20, não observou nada anormal. Somente às 1h10, ela recebeu a notícia por meio de vizinhos.
"Ele [vizinho] empurrou o portão e começou a chamar os outros vizinhos para ajudar. Nisso, saiu uma vizinha e pegou a minha filha pequenininha. Eles viram que ela estava com corte enorme na cabeça".
Ao entrar na casa, o vizinho encontrou a menina de 3 anos na cama, com o corpo em chamas, e a mais velha no sofá, também em chamas, ambas com graves ferimentos na cabeça.
Segundo a mãe das crianças, durante esse período, a energia da casa foi desligada, e as câmeras não registraram quem ateou fogo. "Nesse tempo, o padrão estava desligado, então perdemos as imagens das câmeras. Só temos imagens até 00h27, por dali frente não gravo, porque estava sem wi-fi".
Testemunhas relataram ter visto um homem saindo de um terreno ao lado da casa, subindo em uma moto estacionada em frente à residência. Outros vizinhos questionaram o homem, que alegou estar urinando e, em seguida, partiu sem prestar socorro.
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