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Interior

Mecânico preso por feminicídio casou, separou e não foi punido por bater em ex

Denunciado em 2014 por agredir mulher, polícia demorou 4 anos para interrogá-lo e Justiça ainda tenta

Anahi Zurutuza | 06/08/2021 16:15
José Edilson Ramo da Silva, auxiliar de mecânico, de 34 anos, foi preso por suspeita de matar e enterrar a mulher. (Foto: Reprodução de Processo)
José Edilson Ramo da Silva, auxiliar de mecânico, de 34 anos, foi preso por suspeita de matar e enterrar a mulher. (Foto: Reprodução de Processo)

Denunciado há 7 anos por bater na ex-mulher, José Edilson Ramo da Silva, auxiliar de mecânico, de 34 anos, preso nessa quinta-feira (5) por matar e enterrar a atual esposa, nunca foi punido pelo primeiro crime.

Após a denúncia, a Polícia Civil só conseguiu encontrar o suspeito para interrogá-lo quatro anos depois. Mesmo morando desde sempre em Chapadão do Sul, cidade de 25 mil habitantes onde cometeu feminicídio apurado agora pela polícia, a saga até 23 de julho deste ano, era para encontrá-lo, chamá-lo para audiência e dar um desfecho para processo na Justiça pelo caso de violência doméstica de 2014.

Em 5 de maio de 2014, José Edilson foi fichado por lesão corporal dolosa. Na noite anterior, a filha da vítima, mulher de 37 anos com quem o mecânico, à época com 27, se relacionava há alguns meses, chamou a PM (Polícia Militar) pedindo socorro, porque a mãe estava “apanhando de um homem na rua”. Quando a polícia chegou ao local dos fatos, o suspeito já havia fugido e foi ela quem apontou o “ex-namorado” como o agressor. A mulher foi parar em hospital com a boca cortada, hematomas e pressão alta.

Depois disso, foi difícil achar tanto vítima, quanto autor, para dar prosseguimento ao inquérito policial. E não faltaram tentativas. Em 6 de abril de 2016, dois anos depois do crime, a irmã de José Edilson assinou teve de assinar intimação no lugar dele e só em janeiro de 2018, a polícia conseguiu encontrá-lo. O que a polícia não sabia, é que os dois estavam juntos e ao achar a vítima, na tentativa de localizar o agressor, ela tentou despistar os policiais.

Quando ouvido na delegacia, em 22 de janeiro de 2018, o mecânico admitiu ter dado “empurrão” na companheira durante discussão. Disse que por isso ela havia caído no meio-fio e se machucado. Ele disse em interrogatório que o motivo do comportamento violento foi “umas cachaças”.

Na Justiça - José Edilson só virou réu pela agressão em janeiro de 2019, mas até hoje, ninguém foi ouvido no processo. A primeira audiência foi agendada para 6 de maio do ano passado, mas oficiais de Justiça não conseguiram localizar vítima e agressor, e as oitivas foram canceladas. Os dois já não moravam mais juntos. Depois disso, outras duas vezes, o Judiciário tentou intimar o mecânico para responder a acusação, mas também não o localizou.

Corpo de Elisiane estava enterrado em vala aberta em lavoura, numa fazenda de Chapadão do Sul. (Foto: PCMS/Divulgação)
Corpo de Elisiane estava enterrado em vala aberta em lavoura, numa fazenda de Chapadão do Sul. (Foto: PCMS/Divulgação)

Crime recente - Natural do estado de Alagoas, José Edilson está preso desde ontem, suspeito de matar a atual companheira Elisiane da Silva Alves, de 40 anos. O corpo dela foi encontrado enterrado em cova rasa de fazenda.

De acordo com a Polícia Civil, ele confessou o crime para a família, mas ameaçou os parentes para não ser entregue. Depois de preso, ele negou o assassinato e tentou colocar a culpa da morte da esposa em outra pessoa.

Elisiane da Silva Alves, morta aos 40 anos. (Foto: Reprodução das Redes Sociais)
Elisiane da Silva Alves, morta aos 40 anos. (Foto: Reprodução das Redes Sociais)

Elisiane estava desaparecida desde o último domingo, dia 1º, e amigas da vítima registraram o desaparecimento na terça-feira (3), já suspeitando que Jose Edilson tivesse relação com o sumiço de Elisiane. O marido da vítima chegou a ser detido na quarta-feira, dia 4, mas foi liberado por falta de provas.

Segundo apurado pela investigação, ele disse a familiares: "eu fiz uma cagada, mas não vou me entregar". Na noite desta quinta-feira, ele foi preso por ameaçar a irmã e outros parentes na delegacia. Foi quando exigiu a presença de um advogado e disse que um homem, conhecido como "Baianinho" matou Elisiane a pauladas e o forçou a enterrar o corpo da esposa.

Para a polícia, a versão de José é infundada, já que o local onde "Baianinho" teria matado Elisiane, é uma via de grande movimento e seria impossível o crime ter acontecido da forma que foi relatada por ele, sem que outras pessoas tivessem presenciado. Diante das contradições na versão e relatos de várias testemunhas, ele foi preso como autor do feminicídio e levou policiais até o local onde estava o corpo.

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