Motoentregadora é agredida e atacada com facão após parar moto na calçada
Homem, de 67 anos, disse que jovem parecia "menino" então "aguentava apanhar"
Uma motoentregadora foi agredida e ameaçada com um facão por um porteiro, enquanto tentava realizar uma entrega em um condomínio no Bairro Parque Alvorada, nesta terça-feira (14), em Dourados, cidade a 233 quilômetros de Campo Grande. Vídeo feito por um morador mostra o agressor, de 67 anos, partindo para cima de Vitória Batistina de Souza Silva, de 20, após ela ter estacionado a moto em cima da calçada na Rua José Domingos Baldasso.
A jovem também acredita que as agressões tiveram motivação homofóbica. Vitória é lésbica e conta que desde o momento em que estacionou a motocicleta, ouviu ofensas por conta da sua aparência. Ela foi ao local entregar um panetone encomendado por um morador.
"Desde que eu cheguei, ele começou a me tratar mal. Disse que eu parecia um menino, então, eu aguentava apanhar que nem um menino", conta a jovem. Diante das ofensas, Vitória admite que revidou e decidiu que não tiraria a moto da calçada. "Mas eu disse para ele que nem precisava ele interfonar, que eu mesma ia chamar o cliente pelo celular e ir embora. Só estava fazendo meu trabalho, não estava atrapalhando nem ele e nem ninguém", completa.
Contudo, em meio à confusão, o idoso saiu da guarita e partiu para cima da jovem. Vitória levou socos, tapas e empurrões do porteiro, conforme consta no boletim de ocorrência, mas também disse ter se defendido das agressões. Em determinado momento, o homem voltou ao prédio e retornou com o facão.
"Vai me matar, vai me matar por que eu estou trabalhando?", diz a jovem no vídeo, enquanto desce da moto para tentar se afastar do porteiro. Na sequência, o agressor tira a moto da calçada e, mais de uma vez, ameaça acertar Vitória. "Me fura, me fura, eu tô trabalhando", repete a motoentregadora na frente do homem. Mesmo diante das ameaças, ninguém tentou ajudar a jovem.
Assustada, Vitória deixou o local sem entregar a encomenda do cliente. Após a confusão, ela diz ter ouvido comentários de que o idoso é morador no prédio e não porteiro, mas não conseguiu confirmar a informação. A esposa do homem teria entrado em contato com ela para pedir desculpas.
Rapidamente, o vídeo foi compartilhado em grupos de WhatsApp e com o incentivo de colegas, Vitória decidiu procurar a Polícia Civil. Ela registrou um boletim de ocorrência por ameaça e vias de fato contra o homem na Depac (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário) de Dourados e amanhã (15), também vai à Deam (Delegacia de Atendimento à Mulher) de Dourados.
"Se ele estivesse com uma arma de fogo iria me matar. Ele foi homofóbico, me humilhou, disse que eu era pobre, que eu não devia estar no condomínio e que eu aguentava apanhar que nem homem. Eu só quero justiça", conclui a jovem.