Operação prendeu secretário, diretor de licitação, empresário e vereadora
Secretário de Fazenda João Fava Neto já está em cela da 1ª DP; os outros presos são a vereadora Denize Portolann, o diretor de licitação Anilton de Souza e o empresário Messias José da Silva
Foram 22 meses de administração até a polícia e o Ministério Público baterem às portas de assessores diretos da prefeita Délia Razuk (PR) para cumprir mandados de prisão por corrupção. Dos quatro presos hoje (31) na Operação Pregão, desencadeada por seis promotores e 75 policiais, um deles é homem de confiança da prefeita, o atual secretário de Fazenda João Fava Neto.
Os nomes dos presos não foram divulgados pelo MP, mas o Campo Grande News apurou que João Fava Neto já foi levado para a 1ª Delegacia de Polícia Civil, onde aguarda uma vaga na PED (Penitenciária Estadual de Dourados). Ele é sogro de um dos filhos da prefeita, o deputado estadual eleito Neno Razuk (PTB).
Também já estão na delegacia outros dois presos hoje, Anilton Garcia de Souza, diretor do Departamento de Licitação da prefeitura, e o empresário Messias José da Silva, dono da Douraser Prestadora de Serviços de Limpeza e Conservação – EIRELI.
Anilton de Souza é braço-direito de João Fava Neto na Secretaria de Fazenda. Já a Douraser foi contratada para prestar vários serviços à prefeitura e até o mês passado já tinha embolsado quase R$ 7 milhões do cofre público municipal.
O contrato mais recente com a Douraser foi firmado em setembro deste ano, por R$ 1,9 milhão através de dispensa de licitação, para fazer limpeza nas escolas municipais.
Vereadora – A vereadora e ex-secretária de Educação Denize Portolann de Moura Martins (PR) também foi presa nesta quarta-feira. Ele foi levada ao Imol (Instituto de Medicina e Odontologia Legal) para fazer exame de corpo de delito e sem seguida encaminhada para uma cela na 1ª DP.
Denize foi secretária de Educação até o início deste ano e deixou o cargo após outra operação, a Volta às Aulas, deflagrada pelo Gaeco para investigar contratação irregular de professores. Naquela operação não houve prisão.
Denize ficou como suplente de vereadora em 2016, mas em setembro deste ano assumiu a cadeira de Braz Melo (PSC), que perdeu o mandato devido a uma condenação da época em que foi prefeito de Dourados, na década de 90.
Os quatro mandados cumpridos hoje são de prisão preventiva, ou seja, sem previsão de liberdade. Os três homens devem ser levados para a PED e Denize deverá ir para um presídio feminino de outra cidade, já que Dourados não tem cadeia específica para detenção de mulheres.
Contratos milionários - O Ministério Público ainda não divulgou detalhes sobre as prisões e os 16 mandados de busca e apreensão cumpridos nesta quarta, mas o Campo Grande News apurou que as equipes do MP e da polícia estiveram também na casa do contador da prefeitura, Rosenildo França, na empresa Energia Engenharia Serviços e Manutenções Ltda. e na casa do dono da empresa, Pedro Brum Vasconcelos Oliveira.
A Energia foi contratada em 2017 pela prefeitura por R$ 1,9 milhão para fornecer 97 merendeiras para trabalhar em escolas e centros de educação infantil do município.
De acordo com o MP, a Operação Pregão investiga a atuação de uma organização criminosa composta por agentes públicos, políticos e empresários, visando a pratica de diversos crimes incluindo fraude em licitação, dispensa indevida de licitação e falsificação de documentos.
Em nota divulgada de manhã, a atual administração municipal afirmou ser “comprometida com a lisura e transparência em sua gestão”, e que se colocou “à inteira disposição do Ministério Público”.