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Interior

Outro escândalo, agora sexual, envolve maior presídio de Mato Grosso do Sul

Caso tem troca de “nudes” evolvendo presos e enfermeiras e “namoro” entre servidor e presidiário

Helio de Freitas, de Dourados | 27/01/2021 14:42
Penitenciária Estadual de Dourados, maior de MS, com 2.700 presos (Foto: Arquivo)
Penitenciária Estadual de Dourados, maior de MS, com 2.700 presos (Foto: Arquivo)

Marcada por várias denúncias de irregularidades nos últimos anos, a Penitenciária Estadual de Dourados – cidade a 233 km de Campo Grande – está envolvida em outro escândalo, agora apimentado por histórias sexuais entre condenados e servidores e suspeita de favorecimento a presos.

Um servidor do presídio, o maior de Mato Grosso do Sul e onde vivem pelo menos 2.700 detentos, foi afastado das funções por suspeita de manter diálogos com presos através de aplicativo de celular. O caso vai ser apurado pela corregedoria da Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário).

A reportagem apurou que o escândalo envolve suposto relacionamento amoro entre esse agente penitenciário e um dos presos. Irmão de uma servidora que ocupa cargo de chefia no presídio, o servidor teria se aproveitado da situação para oferecer regalias ao “namorado”.

Outra denúncia revela que os presos estariam mantendo conversas por aplicativo de celular e trocando fotos de “nudes” com profissionais de enfermagem do setor de saúde da PED. Essas profissionais são servidoras do município de Dourados, cedidas para a penitenciária.

O preso Jeanderson Bronel Lavrati Nunes (Foto: Direto das Ruas)
O preso Jeanderson Bronel Lavrati Nunes (Foto: Direto das Ruas)

O Campo Grande News apurou que um dos presos envolvidos é Jeanderson Bronel Lavrati Nunes, condenado a 25 anos de prisão por latrocínio (roubo seguido de morte), ocorrido em 2011, em Laguna Carapã. Durante o assalto, o dono da conveniência foi morto a golpes de faca e tiros por Jeanderson e um cúmplice.

Mesmo com um quarto de século de pena a cumprir em regime fechado, Jeanderson era o chefe da cantina do presídio e morava na “capela”, setor onde geralmente ficam recolhidos políticos e presos provisórios com nível superior. Foi nesse local que ficaram os vereadores presos por corrupção, em 2018.

Nudes – Segundo informações relevadas por fontes do presídio, o escândalo foi descoberto após vistoria nas celas encontrar dezenas de celulares. Pelo menos 37 aparelhos teriam sido apreendidos, 12 deles apenas na “capela”, inclusive um iPhone 12, lançamento da Apple que custa até 8,8 mil.

Ao vasculharem os celulares recolhidos, os agentes responsáveis pela vistoria encontraram as fotos de “nudes” de enfermeiras do setor de saúde e as conversas entre o servidor afastado e um dos presos. Não ficou claro na denúncia se Jeanderson Bronel Lavrati Nunes era o preso que mantinha contato com o servidor ou se era ele que trocava fotos com as enfermeiras.

Agepen – Em nota encaminhada pela Agepen, a direção da penitenciária confirmou que vistorias em celas realizadas de sexta-feira (22) a domingo (24) identificaram as conversas por meio de aplicativo entre o preso e profissionais de outro órgão (enfermeiras contratadas pelo município). “Elas foram colocadas à disposição da secretaria à qual estão vinculadas, para providências”, afirma.

Ainda segundo a nota oficial, durante a operação foi identificado também contato do interno com um servidor do presídio. “Diante da constatação, o servidor foi imediatamente afastado do serviço e colocado à disposição (para ser transferido da PED)”.

Segundo a Agepen, o caso foi encaminhado à corregedoria para apuração e demais providências necessárias. “O interno foi isolado em cela disciplinar e vai responder pela falta grave cometida (uso de celular).

“Importante ressaltar que a direção da PED tomou todas as providências e conduziu o caso de forma técnica, identificando o problema e realizando todos os encaminhamentos necessários”, afirma a agência.

Capela – Questionada sobre a suspeita de favorecimento a Jeanderson Nunes, a Agepen informou que ele não estava no local destinado a presos com curso superior, mas no setor onde ficam os trabalhadores.

Quanto à função dele na cantina do presídio, a agência explicou que a seleção para trabalho é feita pela Comissão Técnica de Classificação, envolvendo equipe psicossocial e chefias de segurança e disciplina, “conforme critérios objetivos estabelecidos na Lei de Execução Penal”. A Agepen não informou o número de celulares apreendidos, mas confirmou as vistorias em várias celas.

Enfermeiras – Também em nota, a Secretaria de Saúde de Dourados informou que ainda não foi comunicada oficialmente do possível fato dentro da penitenciária. “A Secretaria não recebeu, até o momento, qualquer ofício da Agepen comunicando tal fato. Mesmo assim, informa que, independente de notificação, vai pedir uma apuração dos fatos”.

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