Pai e madrasta de menino morto após maus-tratos viram réus por homicídio
Juiz acatou denúncia do Ministério Público e manteve prisão de Jessica Leite Ribeiro e do lutador de MMA Joel Tigre
Pai e madrasta de Rodrigo Moura Santos, de um ano e três meses de vida, que morreu no dia 16 de agosto deste ano após sofrer seguidos maus tratos viraram réus por homicídio qualificado. O crime ocorreu em Dourados, cidade a 233 km de Campo Grande.
Ontem à tarde, o juiz da 3ª Vara Criminal Cesar de Souza Lima acatou a denúncia do Ministério Público e transformou em réus Jessica Leite Ribeiro, 21, e seu companheiro, o lutador de MMA Joel Rodrigo Ávalo Santos, 25, o “Joel Tigre”.
O magistrado também manteve a prisão preventiva dos acusados. Joel está na PED (Penitenciária Estadual de Dourados) e Jessica foi transferida na semana passada para o presídio feminino de Corumbá.
“A segregação dos acusados para garantia da ordem pública é imperiosa, por praticaram de crime de grande repercussão social, com extrema violência, ou seja, ceifaram a vida de uma criança de um ano de idade. A extrema violência com que agiram demonstra a periculosidade dos agentes [agora réus], em clara ameaça à sociedade”, afirmou o juiz.
A denúncia – Jessica foi denunciada pelo promotor Élcio D’Angelo por ter provocado a morte do menino na manhã de 16 de agosto deste ano. Uma semana após a morte, ela confessou que a criança chorava muito naquele dia e por isso apertou “com força” a barriga dele, primeiro com as mãos e depois com os joelhos, por acreditar que ele estava com “prisão de ventre”.
Jessica também confessou ter pisado “sem querer” nas costelas do menino quando se levantou da cama e disse ter apertado o pescoço de Rodrigo na tentativa de reanimá-lo.
“Antes de sucumbir à morte, a vítima foi submetida a sofrimento prolongado e desnecessário, consistente em fortes apertões na barriga e pisoteada nas costelas”, afirma o promotor na denúncia acatada pelo Judiciário.
O promotor também denunciou Joel Tigre por homicídio qualificado apesar de Jessica afirmar que o companheiro não estava presente no momento da morte da criança.
“Mesmo conhecedor dessas agressões, mesmo pelas lesões que eram explícitas no corpo de Rodrigo, o pai Joel deixava as crianças aos cuidados da companheira Jessica, assumindo, de forma consistente, a ocorrência de evento ainda mais grave em relação à criança”, diz trecho da denúncia.
Rodrigo e a irmã, de 3 anos, moravam com o pai e a madrasta em uma casa no Jardim Márcia, região leste de Dourados. Apesar de ter uma medida protetiva contra o ex-companheiro, a mãe das crianças deixou os dois filhos pequenos com o pai biológico. Laudo da perícia confirmou que Rodrigo tinha lesões mais antigas, indicando que sofria constantes maus tratos.