Pessoas mexendo em vítimas de atentados viram preocupação na fronteira
Cena se tornou comum tanto em Ponta Porã quanto em Pedro Juan e se repetiu ontem
Uma situação na fronteira está preocupando os órgãos de segurança pública. Policiais ouvidos pelo Campo Grande News afirmam que o fato de algumas pessoas estarem mexendo nos corpos de pessoas vítimas de atentados, estejam elas mortas ou não, pode comprometer a investigação e até mesmo agravar o quadro dos feridos.
Na tarde desta terça-feira (8), por exemplo, a cena se repetiu, como mostram as imagens do vídeo acima. A troca de tiros entre quatro homens no cruzamento das ruas Antônio João e Baltazar Saldanha, no centro de Ponta Porã (a 313 km da Capital) deixou dois mortos e dois feridos.
Vídeos gravados por curiosos que cercaram o local do crime mostram um homem mexendo em um dos feridos, caído no asfalto.
Atingido por vários tiros, o paraguaio Neumar Joverton Savaje Fontana, 33, o "Neymar", agonizava enquanto um homem não identificado mexia no rosto da vítima, tentando abrir os olhos e a boca.
Neumar morreu no local. O brasileiro Lucas dos Santos Freitas, que acompanhava Neumar em um Fiat Uno, ficou ferido. Marcial Lizandro Arevalos Martinez, 19, que trocou tiros com a dupla, também morreu. O comparsa dele, Hugo Benitez Paez, foi ferido e está preso.
Apesar de chamar atenção de quem não é da fronteira, a cena de pessoas mexendo em corpos e feridos é corriqueira nas cidades-gêmeas Ponta Porã e Pedro Juan Caballero, assim como os atentados praticados por matadores profissionais.
Em outubro do ano passado, Jorge Martin Garay Fleitas, 20, roubou a pistola do suboficial da Polícia Nacional Hugo Ronaldo Acosta, 32, executado em Pedro Juan Caballero. Gravado pegando a arma que estava no banco do carro do policial, Jorge foi preso no dia seguinte.
Em setembro de 2021, também em Pedro Juan Caballero, outra vítima dos pistoleiros foi roubada enquanto agonizava no chão. Vídeos gravados com celular flagraram o momento em que o homem, não identificado, mexeu no corpo, pegou dinheiro e o celular do morto e deixou a cena do crime.
“As pessoas, até com o espírito de querer auxiliar, acabam tocando nos feridos e mortos. Muitas vezes acabam sumindo alguns objetos, como armas, celulares, carteiras”, afirma o secretário de Segurança Pública de Ponta Porã, Marcelino Nunes de Oliveira.
Segundo ele, Polícia Militar, Polícia Civil e a Guarda Civil Municipal Fronteira tentam agir o mais rápido possível para impedir que pessoas mexam nos corpos, mas nem sempre é possível.
“Se as pessoas querem ajudar, isolem o local e não permitam que ninguém toque nas vítimas até a chegada de policiais ou socorristas do Samu e do Corpo de Bombeiros”, pediu Marcelino, lembrando que essas pessoas podem responder criminalmente no caso de furtos de pertences das vítimas.