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Interior

PF suspeita que dinheiro do tráfico bancou propina a políticos da Lava Jato

Doleiro ligado a narcotraficante Cabeça Branca e investigado pela Lava Jato tinha dinheiro em espécie para atender esquema de propina

Helio de Freitas, de Dourados | 15/05/2018 13:36
Policiais federais durante buscas hoje em um dos alvos da Operação Efeito Dominó (Foto: Divulgação/PF)
Policiais federais durante buscas hoje em um dos alvos da Operação Efeito Dominó (Foto: Divulgação/PF)

Há fortes indícios de que o dinheiro oriundo do narcotráfico tenha sido usado para pagar propina a envolvidos no esquema de corrupção investigado pela Operação Lava Jato. A afirmação foi feita hoje (15) pelo delegado Roberto Biasoli, coordenador da Operação Efeito Dominó, desencadeada pela Polícia Federal para desmontar o esquema de lavagem de dinheiro o narcotraficante Luiz Carlos da Rocha, o “Cabeça Branca”.

Oito pessoas foram presas em várias regiões do país – duas delas em Mato Grosso do Sul, Pedro Araujo Mendes Lima e o filho dele, Hamilton Brandão Lima.

Entre as outras pessoas presas estão três doleiros, um deles Carlos Alexandre Souza Rocha, o Ceará, ligado ao maior delator da Lava Jato, o também doleiro Alberto Youssef.

Também investigado no esquema envolvendo a corrupção não política brasileira, Ceará assinou um acordo de colaboração premiada com a Procuradoria Gerald a República em 2015 e depois homologado pelo STF (Supremo Tribunal Federal).

Em entrevista coletiva hoje de manhã em Curitiba (PR), Roberto Biasoli disse que ainda não existem provas de que o dinheiro vindo do narcotráfico tenha ido parar nas mãos de políticos corruptos. A partir de agora, as duas operações devem trocar informações, para tentar identificar esses vínculos.

“Dinheiro em espécie custa caro porque não deixa rastro. E quem tem dinheiro em espécie? O tráfico de drogas”, afirmou o delegado, admitindo os indícios de que o dinheiro lavado por Ceará tenha sido repassado para pagamento de propina a políticos corruptos.

Quando assinou a delação premiada, Carlos Alexandre alegou que era procurado por Alberto Youssef por sempre ter dinheiro em espécie, oriundo da venda de produtos importados, como relógios de grife. “Agora sabemos que esse dinheiro era do tráfico”, disse o delegado.

Segundo Roberto Biasoli, o doleiro manteve fortes ligações com Cabeça Branca para lavagem de dinheiro de 2016 até a prisão do narcotraficante, em 1º de julho do ano passado. Por continuar praticando crimes e ter escondido esses atos ilícitos, ele pode perder os benefícios da colaboração premiada.

No acordo assinado com a PGR, Ceará disse que trabalhava para Alberto Youssef como entregador de valores e mencionou repasses de dinheiro aos políticos, como os senadores Fernando Collor de Melo (PTC-AL), Renan Calheiros (MDB-AL) e Aécio Neves (PSDB-MG).

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