Polícia começa a ouvir suspeitos da morte de ‘soldado’ do PCC
Thiago Barros, preso em 2008 na capital, fazia parte de quadrilha especializada em assaltar mulheres
A Polícia Civil começou na semana passada a ouvir o depoimento de detentos suspeitos de participarem do assassinato do presidiário Thiago Ferreira Barros, 33, ocorrido no dia 19 de janeiro deste ano na penitenciária de segurança máxima de Dourados, a 233 km de Campo Grande. Thiago foi espancado e asfixiado até a morte por pelo menos dois companheiros de cela, mas a polícia não descarta a participação de mais pessoas no crime.
Integrante do PCC (Primeiro Comando da Capital), Thiago Barros cumpria pena por crimes de assalto à mão armada, ocorridos em 2008 em Campo Grande. Na época, ele foi preso junto com outros dois homens, acusados de praticarem cinco roubos em apenas um dia. A quadrilha ficou conhecida por atacar principalmente mulheres. Thiago era responsável por arrombar os carros com uma chave micha enquanto os comparsas rendiam as pessoas com um revólver calibre 38.
Na manhã do dia 19 de janeiro deste ano, Thiago Barros, que era lutador de muai thay e tinha sido transferido da capital para o presídio de Dourados no dia 22 de setembro do ano passado, foi encontrado desmaiado na cela 34 do raio II da penitenciária de Dourados. Nesse raio ficam os presos considerados mais perigosos e os integrantes de facções criminosas. O pavilhão é dominado por “soldados” do PCC.
Sufocado – O detento chegou a ser levado para a enfermaria por agentes penitenciários e outros internos, mas já estava morto. No atestado de óbito o médico legista apontou como causa da morte asfixia mecânica. Thiago foi sufocado pelas mãos de um dos assassinos.
No corpo também havia sinais de luta. Por ser forte fisicamente e praticante de arte marcial, a polícia suspeita que o detento tenta lutado para escapar, mas acabou dominado e asfixiado até a morte.
De acordo com boletim de ocorrência, os agentes foram informados pelos internos que o detento estava morto na cela. No momento em que Thiago foi localizado, os presos estavam tomando banho de sol e as celas estavam abertas. Qualquer preso da ala tinha acesso ao local. Os agentes disseram no Boletim de Ocorrência não terem verificado nenhuma alteração na rotina do presídio.
O inquérito é conduzido pela delegada titular da 2ª Delegacia de Polícia, Andreia Alves Pereira. Na semana passada ela foi ao presídio e ouviu o depoimento de dois dos dez internos que dividiam a cela com Thiago Barros. Os demais também serão interrogados.
Ao Campo Grande News, Andreia Pereira disse que já requisitou que todos os internos da cela passassem por exame de corpo de delito, para verificar se existe algum indício que possa ligá-los ao crime. Os dois presos ouvidos negaram envolvimento no caso e relataram apenas terem visto Thiago consumindo cocaína na cela minutos antes do início do banho do sol. Logo depois afirmam que viram o companheiro de cela desmaiado.
“Estamos conduzindo essa investigação com a maior imparcialidade possível, para se fazer Justiça e dar uma resposta à sociedade e à família do detento, disse a delegada. Nesta semana ela deve retornar ao presídio para ouvir mais depoimentos e aguarda os laudos da perícia para ter mais detalhes. A família de Thiago Barros mora em Campo Grande. A irmã e o cunhado também já foram ouvidos na delegacia em Dourados.