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Interior

Prefeito se diz vítima de calúnia e vai à polícia contra quatro jornalistas

Denúncia de Alan Guedes atinge Valfrido Silva, José Henrique Marques, Clóvis de Oliveira e Silva Junior

Helio de Freitas, de Dourados | 20/05/2021 17:41
Prefeito de Dourados Alan Guedes, que denunciou jornalistas por notícia falsa (Foto: Divulgação)
Prefeito de Dourados Alan Guedes, que denunciou jornalistas por notícia falsa (Foto: Divulgação)

O prefeito Alan Guedes (PP) registrou boletim de ocorrência acusando quatro jornalistas de Dourados (cidade a 233 km de Campo Grande) de calúnia contra funcionário público em razão de suas funções. O crime é previsto nos artigos 138 e 141 do Código Penal.

O Campo Grande News apurou que na denúncia feita no início da noite de ontem (19) à Polícia Civil, Alan Guedes afirma ser vítima de fake news (termo usado para identificar notícia falsa) cometidos por Valfrido da Silva Melo, 66, Clóvis Pinheiro de Oliveira, 61, José Henrique Marques, 61, e Jonas Alves da Silva, 56, o Silva Junior.

Valfrido (blog Contraponto MS), Clóvis (site Doura News) e José Henrique (site Folha de Dourados) estão entre os mais antigos jornalistas em atividade na segunda maior cidade de Mato Grosso do Sul. Silva Junior é radialista esportivo e atualmente dono do site Gazeta MS.

Denúncia semelhante contra os mesmos jornalistas também foi feita pelo chefe de Gabinete de Alan Guedes, o jornalista Alfredo Barbara Neto, editor do jornal Diário MS.

Os dois boletins de ocorrência foram colocados em sigilo, mas a reportagem apurou que a denúncia de Alan Guedes e Alfredo Barbara Neto foi levada à polícia após os quatro jornalistas repercutirem em seus meios de comunicação acusação feita segunda-feira (17) pela vereadora Lia Nogueira (PP).

Mídia da Câmara - Também jornalista e eleita no palanque de Alan Guedes, a companheira de partido do atual prefeito douradense usou a tribuna durante a sessão semanal para levantar suspeitas sobre valores pagos pelo Legislativo ao site e ao jornal Diário MS para divulgação de propaganda oficial nos dois anos em que Alan presidiu a Câmara.

A vereadora apontou valores exorbitantes (em torno de R$ 800 mil) pagos pela Câmara ao Diário MS nos 24 meses e disse que a suspeita ganha força a partir do momento em que Alan Guedes nomeou Alfredo Barbara Neto como chefe de Gabinete.

A denúncia de Lia Nogueira atingiu também a agência Lupa Comunicação, contratada através de licitação pela Câmara de Dourados.

O dono da agência, Milton Ribeiro Junior, também integra a equipe de Alan Guedes. Agente penitenciário de Mato Grosso do Sul, ele foi cedido para trabalhar como assessor especial o gabinete do prefeito.

Nas denúncias, tanto Alan Guedes quanto Alfredo Barbara Neto pediram a instauração de inquérito policial contra os quatro jornalistas. O caso está com a 1ª Delegacia de Polícia Civil.

Alan Guedes vê crime de concussão praticado pelos jornalistas por reproduzirem as denúncias apresentadas pela vereadora sem provas e por tecerem comentários sobre suposta “farra da publicidade” praticada pelo prefeito no período em que presidiu a Câmara para favorecer seu atual chefe de gabinete.

“Fantasia desvairada” – Especificamente sobre Valfrido Silva, o prefeito afirma que o blogueiro adotou “fantasia desvairada” ao insinuar que os pagamentos feitos ao jornal seriam objeto da famosa “rachadinha”. Segundo Alan Guedes, os pagamentos foram lícitos, dentro do que estabelece a lei.

“O texto é extremamente nocivo à verdade dos fatos. Passa longe de ser notícia. É fantasia desvairada, que por sua completa desconexão com a realidade dos fatos, causa mancha à imagem do comunicante [Alan Guedes]. Ofende a sua probidade e coloca em xeque a sua honestidade – sem um fundo de veracidade nas alegações publicadas”, afirma trecho do documento entregue à polícia.

“Fica claro, da análise deste requerimento que os jornalistas citados acusam o comunicante da prática do crime de concussão, corrupção passiva, entre outros e, desse modo, ofende regra do artigo 138 do Código Penal ensejando o registro da presente ocorrência policial”, diz outro trecho.

Outro lado – Ao Campo Grande News, Valfrido Silva disse que Alan Guedes não estava preparado para assumir a prefeitura, que caiu no colo dele “por injunções outras da política douradense”.

“Em vez de ter humildade e procurar se assessorar por gente competente e decente, foi buscar o que havia de pior no mercado. Os documentos publicados pela Folha de Dourados, por mim repercutidos, falam por si só. Um escândalo de proporções Owari/Uragano. Artuzi dava mensalinho a vereadores com dinheiro da saúde. Alan fazia mensalão para seu hoje chefe de gabinete com dinheiro da Câmara”, afirmou.

O jornalista continua: “se na Câmara, com um orçamento exíguo, a ajuda já era tão generosa assim, imagina agora o que vai acontecer com o mesmo beneficiário controlando o orçamento da comunicação da prefeitura. Alan Guedes é sem noção, não tem outra explicação. Menos mal, parece que o MP acordou e já entrou no caso. Teremos grandes emoções pela frente”.

José Henrique Marques afirmou que a denúncia do prefeito e do chefe de gabinete é para tentar constranger a imprensa.

“É inacreditável. Ao invés de esclarecer as denúncias de desvio de dinheiro público reveladas pela vereadora Lia Nogueira, na Tribuna da Câmara, o prefeito e seu preposto na chefia de Gabinete tentam constranger a imprensa indo à polícia. Esse prefeito juvenil é despreparado para o cargo. Dissimulado, é um incompetente que piorou a já combalida saúde pública de Dourados”, afirmou.

O jornalista afirma que não vai se intimidar. “Ao contrário, terão que explicar também rumores de transações nebulosas na comunicação da Prefeitura, além de evidências robustas de caixa 2 em sua campanha eleitoral”.

Clóvis de Oliveira disse que por enquanto não vai se manifestar. A reportagem ainda não conseguiu falar com Jonas Alves da Silva. Assim que ele se manifestar este texto será atualizado.

*Matéria alterada às 20h20 para ser incluída a posição de José Henrique Marques.

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