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Interior

Prefeitura de Corumbá pagou mais de R$ 5,2 milhões para empresa alvo da PF

Contratos de obras públicas foram suspensos após investigações apontarem irregularidades em contratações

Por Jhefferson Gamarra | 12/08/2024 15:30
Agentes da PF e CGU durante operação em Corumbá (Foto: Divulgação)
Agentes da PF e CGU durante operação em Corumbá (Foto: Divulgação)

A Prefeitura de Corumbá já desembolsou R$ 5.250.774,80 em contratos com empresas que estão sob investigação da Polícia Federal, no âmbito da Operação João Romão. A ação, deflagrada em 3 de julho, apura irregularidades em contratações realizadas pelo município, que somam mais de R$ 16,5 milhões, e tem como foco desvios de recursos públicos em obras de infraestrutura.

A Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos, comandada pelo secretário Luiz Fernando Moreira, confirmou a suspensão cautelar de vários contratos após a determinação do TCE-MS (Tribunal de Contas do Estado). A medida foi oficializada nas edições de 9 e 12 de agosto dos Diários Oficiais do município e do Estado, respectivamente.

Abaixo, a lista dos contratos com os valores contratados e o que foi pago até o momento:

  1. CIE (Centro de Iniciação ao Esporte)– Contrato nº 040/2022:
    • Valor total contratado: R$ 1.610.644,34
    • Valor pago: R$ 1.434.119,57
    • Objeto: Execução de obras complementares para finalização do Centro de Iniciação ao Esporte.
  2. CAC (Centro de Atendimento ao Cidadão)– Contrato nº 011/2024:
    • Valor total contratado: R$ 7.402.347,93
    • Valor pago: R$ 274.020,42
    • Objeto: Reforma e adequação do Antigo Armazém Ferroviário-NOB para futuras instalações da sede do CAC (Centro de Atendimento ao Cidadão).
  3. Centro de Saúde da Mulher – Contrato nº 066/2023:
    • Valor total contratado: R$ 1.843.350,52
    • Valor pago: R$ 576.786,15
    • Objeto: Reforma do Centro de Saúde da Mulher, localizado na Rua XV de Novembro, nº 854, Centro.
  4. CIE (Centro Integrado de Esportes)– Contrato nº 022/2022:
    • Valor total contratado: R$ 4.050.825,85
    • Valor pago: R$ 2.697.317,99
    • Objeto: Execução de obras para finalização do CIE (Centro Integrado de Esportes).
  5. CIE (Centro Integrado de Esportes) – Lote 3 – Contrato nº 048/2022:
    • Valor total contratado: R$ 357.017,99
    • Valor pago: R$ 268.530,67
    • Objeto: Execução de serviços complementares no Centro Integrado de Esportes (CIE), Lote 3.

Além desses, há dois contratos com a empresa investigada Agility Serviços Integrados Ltda que não foram suspensos, pois as obras já foram concluídas:

  1. Ecoparque Cacimba da Saúde:
    • Valor total contratado: R$ 1.628.951,93
    • Valor pago: Não informado, obra concluída.
    • Objeto: Reforma e ampliação do Ecoparque Cacimba da Saúde, Corumbá/MS.
  2. Museu Casa de Memória Dr. Gabi:
    • Valor total contratado: R$ 317.135,27
    • Valor pago: Não informado, obra concluída.
    • Objeto: Reforma do Museu Casa de Memória Dr. Gabi, Corumbá/MS.

As investigações da Operação João Romão, conduzidas pela Polícia Federal em parceria com a CGU (Controladoria-Geral da União), apontam para a existência de fraudes nos processos licitatórios que beneficiaram a empresa Agility Serviços Integrados Ltda.

O esquema teria movimentado mais de R$ 12 milhões entre 2022 e 2024, com pelo menos R$ 6 milhões provenientes de repasses federais destinados a obras na área de esportes. A empresa, criada há três anos, teria sido utilizada por Ricardo Campos Ametlla, ex-secretário de infraestrutura, para firmar contratos fraudulentos com o município, totalizando mais de R$ 17 milhões.

Ricardo Ametlla, que já havia sido alvo de investigações na Operação Offset em 2020, foi exonerado de seu cargo na Prefeitura de Corumbá em 8 de julho de 2024, poucos dias após a deflagração da Operação João Romão. As investigações continuam em andamento e podem ter novos desdobramentos nos próximos meses.

O nome da operação, João Romão, faz alusão ao personagem do livro "O Cortiço", de Aluísio de Azevedo, que retrata um capitalista explorador. Na trama, João Romão é o símbolo da ascensão do capitalismo predatório, uma metáfora utilizada pela PF para ilustrar as práticas ilícitas investigadas em Corumbá.

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