Enquanto Polícia Federal faz buscas em casa, Marcelo Iunes deixa local dirigindo
Em breve entrevista, chefe do Executivo municipal disse que PF foi à residência dele para "conferir" documentos
O prefeito Marcelo Iunes (PSDB) deixou sua casa em Corumbá dirigindo durante o cumprimento de mandado de busca e apreensão. O carro dele foi visto logo depois, na prefeitura da cidade.
Policiais federais ainda não haviam terminado as buscas na residência quando ele saiu, no volante de um SUV, mas o chefe do Executivo municipal não ficou para acompanhar o trabalho.
Questionado por jornalistas que faziam a cobertura em frente ao imóvel, Iunes respondeu apenas que se trata de uma investigação sobre “o laboratório”. “E aí minha esposa foi dona do laboratório e vieram conferir a documentação”. Veja o vídeo:
Embora a operação seja mantida em sigilo pela PF, a reportagem apurou que contra Iunes há um mandado de busca e apreensão. Vídeo mostra que a equipe de buscas encheu porta-malas de veículo estacionado na garagem da casa do prefeito com documentos.
Mesmo que houvesse a intenção de prendê-lo, ele não poderia ser alvo de mandado de prisão. Desde sábado (31), nenhum candidato às eleições 2020 pode ser preso ou detido, a não ser em casos de flagrante. Segundo o Código Eleitoral, a imunidade para os concorrentes começa a valer 15 dias antes da eleição, com duração até 48 horas depois do término do primeiro turno.
A operação – Em um mês, essa é terceira operação que mira integrantes do governo de Marcelo Iunes, mas a primeira que tem o próprio chefe do Executivo municipal como alvo.
Nesta manhã, policiais federais também fazem buscas na sede da Secretaria Especial de Cidadania e Direito Humanos, que fica na Rua XV de Novembro, entre as ruas 13 de Junho e Dom Aquino. A pasta está sob o comando da primeira-dama, Amanda Cristiane Balancieri Iunes, que até 2017 era dona do Citolab, laboratório da família Iunes onde a PF também faz buscas hoje.
O Citolab funciona na XV de Novembro e pertence hoje a José Batista Aguillera Iunes, um dos irmãos do prefeito. Em junho, a Justiça determinou suspensão imediata de contrato, sem licitação, entre a prefeitura e a empresa.
O quarto endereço onde há buscas é um apartamento na região central. A reportagem apurou que no prédio mora um farmacêutico, que trabalha no laboratório. Veja a movimentação:
Alvo de novo – Em outubro, a PF fez duas operações contra pessoas ligadas a Iunes. No dia 6, a Operação Offset esteve na casa do secretário de Infraestrutura de Serviços Públicos de Corumbá, o engenheiro Ricardo Ametlla, do ex-secretário municipal de Segurança Pública, Edson Panes de Oliveira Filhos, que tem cargo de assessor especial na administração municipal e de outro irmão do prefeito, Márcio Iunes.
Nove dias depois, a Operação Cornucópia 2 mirou esquema criminoso de R$ 60 milhões, que consistia no aumento ilegal da folha de pagamento de servidores cooptados pela organização, com consequente aumento na margem para contratação de empréstimos consignados.
O Campo Grande News tentou falar com o prefeito. Mas ele não atendeu às ligações da reportagem feitas antes da 7h e depois, o celular só deu sinal de desligado. A reportagem fez contato com a assessoria de imprensa da prefeitura, que ainda não se manifestou.