Preso, servidor desviou R$ 800 mil da prefeitura entre 2019 e 2021
Nota do Gaeco não faz referência à suposta venda de terrenos, informada pela atual administração
Alvo da Operação Publicanos, deflagrada hoje (6) pelo Ministério Público, servidor da Prefeitura de Ivinhema (cidade a 289 km de Campo Grande) é acusado de desviar pelo menos R$ 800 mil do cofre público. Ele não teve o nome revelado e foi preso temporariamente.
Ao contrário do informado pela atual administração em nota oficial divulgada de manhã, de que a investigação é referente ao mandato anterior, o MP informou que os crimes teriam sido praticados em 2019, 2020 e 2021 – nos dois últimos anos do ex-prefeito Eder Uilson França (PSDB) e no primeiro ano do atual prefeito Juliano Ferro (União Brasil).
Nota oficial divulgada pela assessoria do MP não revelou detalhes de como os desvios foram feitos e não faz referência à suposta venda de terrenos públicos, como a assessoria do atual prefeito havia informado. A investigação está em sigilo, segundo o MP.
A ação conjunta desta quinta-feira envolveu o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) e a 1ª Promotoria de Justiça de Ivinhema.
Foram cumpridos cinco mandados de busca e apreensão e o mandado de prisão temporária contra o servidor. Entre os locais vasculhados estavam a sede da prefeitura, duas residências e uma empresa de ar condicionado de veículos.
Segundo o MP, as investigações revelaram que entre 2019 e 2021, o servidor da prefeitura praticou de forma recorrente crimes de peculato e lavagem de dinheiro em prejuízo dos cofres públicos municipais.
Ele exercia os cargos de fiscal de tributos municipais e diretor de divisão de tesouraria. “Valendo-se da função pública, desviou das contas da prefeitura aproximadamente R$ 800 mil mediante transferências eletrônicas de valores e depósito de cheques pertencentes ao município, mas que eram depositados em suas contas pessoais”, afirma o Ministério Público.
Durante a investigação, o MP descobriu que o servidor, para ocultar os valores desviados, comprou imóveis e os registrou em nome de parentes. O Poder Judiciário decretou o sequestro dos bens móveis e imóveis do investigado e de seus familiares para reparação do dano causado aos cofres públicos.
O nome da operação faz alusão aos “publicanos”, que aparecem em várias passagens bíblicas do Novo Testamento e que existiam no Império Romano 200 anos a.C. Eram cobradores de impostos, tinham fama de ser avarentos e egoístas e de pertencer ao sistema corrupto da época.