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Interior

Pressionado por índios, presidente da Funai promete destravar demarcações

Antônio Costa se reuniu com representantes indígenas de municípios da região sul e disse que vai dialogar com produtores

Helio de Freitas, de Dourados | 28/03/2017 13:48
Índios em frente ao MPF em Dourados (Foto: Helio de Freitas)
Índios em frente ao MPF em Dourados (Foto: Helio de Freitas)
Antônio Costa prometeu destravar demarcações (Foto: Helio de Freitas)
Antônio Costa prometeu destravar demarcações (Foto: Helio de Freitas)

O presidente da Funai (Fundação Nacional do Índio), Antônio Costa, disse que a prioridade do órgão no governo Michel Temer é resolver o problema das terras reivindicadas pelos índios em Mato Grosso do Sul. Ele está em Dourados, a 233 km de Campo Grande, onde se encontra com representantes de comunidades indígenas que lutam por demarcações na região do estado.

Ao Campo Grande News, ele afirmou hoje (28) que sua presença no encontro com os índios marca o “início de um novo caminho” para a solução das demarcações de terras em Mato Grosso do Sul.

“Estamos dialogando com a comunidade indígena e vamos buscar o diálogo também com outros segmentos [proprietários das terras reivindicadas]. Nossa proposta é começar a partir de hoje uma caminhada para que as comunidades indígenas, especialmente os guarani-kaiowá, não sofram mais com a falta de esperança e de solução de seus problemas”, declarou Antônio Costa ao retornar à sede do MPF (Ministério Público Federal) após reunião com a prefeita Délia Razuk (PR).

Costa foi recebido com protesto indígena hoje em Dourados, onde se reuniu com representantes de comunidades de 17 municípios sul-mato-grossenses e com o procurador da República Marco Antonio Delfino de Almeida.

Demora de dez anos – Os índios protestam pela falta de cumprimento de um compromisso assinado há uma década, em 2007, que previa, até março de 2008, a contratação de equipes para a realização de estudos técnicos para a demarcação de terras. Segundo os índios, pouca coisa avançou desde então.

Antônio Costa disse que a intenção é evitar que as medidas anunciadas em 2007 continuem paralisadas, como ocorreu até agora. “Enquanto eu for presidente da Funai, vamos fazer avançar todos os itens não cumpridos desse acordo. Esse é meu compromisso”, afirmou Costa, que foi aplaudido por alguns índios que estavam próximos.

Burocracia – Técnicos da Funai que vieram de Brasília com Antônio Costa explicaram a situação jurídica de cada uma das áreas reivindicadas pelos índios e apontam a burocracia e os recursos apresentados pelos advogados dos fazendeiros como principais entraves.

Mato Grosso do Sul tem pelo menos 120 áreas invadidas por índios, que lutam pela demarcação de dezenas de territórios em vários municípios. A maior de todas as áreas reivindicadas pelos índios é a Dourados-Amambaipeguá I, que tem 56,6 mil hectares e atinge terras de Dourados, Caarapó, Amambai, Naviraí e Laguna Carapã.

Outra área reivindicada pelos índios, a Iguatemipeguá I, de 41,5 mil hectares, no município de Iguatemi. Já a Iguatemipeguá II ainda está em estudo e seu tamanho não é conhecido, mas a área vai atingir os municípios de Amambai, Aral Moreira, Coronel Sapucaia, Dourados, Iguatemi, Paranhos e Tacuru.

Sem contar as 48 áreas já regularizadas e homologadas e as que estão em estudo e por isso ainda não têm extensão conhecida, as declaradas e delimitadas somam 273 mil hectares.

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