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Interior

“Raiva do conservadorismo”, diz professora barrada em Fórum por estar de short

Episódio ocorreu em Dourados; em protesto, Gicelma Chacarosqui comprou calça rosa e voltou ao Fórum

Por Helio de Freitas, de Dourados | 10/11/2023 13:18
Gicelma Chacarosqui, impedida de entrar em Fórum por usar short-saia (Foto: Divulgação)
Gicelma Chacarosqui, impedida de entrar em Fórum por usar short-saia (Foto: Divulgação)

Por usar short-saia, a professora Gicelma Chacarosqui foi impedida de entrar no Fórum de Dourados, cidade a 251 km de Campo Grande. O episódio ocorreu quarta-feira (8) e viralizou em âmbito nacional após ser postado no Instagram pelo ex-deputado federal e advogado Fábio Trad.

Docente da UFGD (Universidade Federal da Grande Dourados), escritora e membra da Academia Douradense de Letras, a professora de 54 anos de idade não conseguiu, por causa de suas roupas, ter acesso à agência da Caixa instalada dentro da sede da Justiça Estadual, na Avenida Presidente Vargas, no centro da segunda maior cidade de Mato Grosso do Sul.

“Senti muita raiva desse conservadorismo-raiz que tem no Legislativo, no Judiciário e no comportamento das pessoas em nosso país, e em especial aqui em Mato Grosso do Sul”, afirmou Gicelma ao Campo Grande News.

Ela conta que foi ao Fórum para utilizar a agência da Caixa que funciona no prédio, mas foi barrada pelo porteiro. Segundo o funcionário, ela não estava usando vestimenta adequada para o espaço da Justiça. Gicelma disse que o short-saia fica acima do joelho, mas o funcionário foi irredutível.

Em protesto, ela foi até uma loja e comprou uma calça rosa fúcsia, uma mistura das cores rosa e roxo. “Acho que para o conservadorismo, a calça que eu comprei foi ainda pior que a roupa que eu estava usando”, afirmou.

Fabio Trad - Na postagem que trouxe o caso à tona, Fabio Trad, que foi deputado federal e presidiu a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) em Mato Grosso do Sul, citou que na quarta-feira, Dourados “fervia” com temperatura beirando os 40 graus e citou que Gicelma estava a caminho das aldeias, onde faz trabalho social para as comunidades indígenas.

“Até por uma questão de higiene e salubridade, ela vestiu um short-saia. Ocorre que precisou passar na agência da CEF que fica no Fórum da cidade antes de ir para as aldeias. Aqui, o absurdo: a Professora Doutora Gicelma foi proibida de entrar nas dependências do Fórum, porque segundo quem lhe restringiu a entrada, estava vestida de forma incompatível com o local. Absurdo! Intolerável!”, protestou Fabio Trad.

Ele chamou de “odiosa medida restritiva” que obriga as pessoas a se desidratarem de calor para entrar em espaço público financiado por tributos que pessoas como Gicelma pagam todos os dias. “Mas a Professora Gicelma não desistiu. Conquanto humilhada, foi a uma loja e comprou uma calça. Entrou ao Fórum e foi à agência bancária. Depois, trocou de roupa, recolocou o short-saia e agora está nas aldeias fazendo o serviço que aqueles que estão no ar-condicionado bebendo bastante água gelada jamais teriam a dignidade de fazer”.

O Campo Grande News procurou a assessoria de comunicação do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul, mas até a publicação teste texto a Corte não havia se manifestado. O espaço segue aberto.

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