Reitora temporária aponta “ambiente hostil” para cancelar reunião
Foi a segunda tentativa fracassada de Mirlene Damázio em fazer reunião do Conselho Universitário da UFGD em duas semanas
A reitora temporária da UFGD (Universidade Federal da Grande Dourados) Mirlene Damázio disse que a reunião do Couni (Conselho Universitário), na manhã desta sexta-feira (4), foi cancelada devido ao “ambiente hostil, instável e desrespeitoso” no local da sessão.
Foi a segunda tentativa fracassada de Mirlene Damázio em reunir o Couni, formado por 43 representantes da comunidade acadêmica e da comunidade não universitária. Presidido pela reitora, é o conselho que decide sobre os principais assuntos internos da instituição.
No dia 26 de setembro, a reitoria convocou a Polícia Federal, a Polícia Militar e a Guarda Municipal para acompanhar a reunião. A presença de homens fardados e armados até com escopeta calibre 12 causou revolta de servidores e universitários.
Diante dos protestos, Mirlene não foi até o local da reunião, que acabou transferida da sala dos conselhos para o anfiteatro, onde sempre ocorre. A reunião foi conduzida mesmo sem a presença dela, mas na semana passada, a reitora cancelou a sessão e marcou para hoje.
Na manhã desta sexta, Mirlene Damázio chegou a abrir a reunião na sala de conselhos, sob protesto dos estudantes, que queriam a sessão no anfiteatro, onde cabem mais pessoas. A reitora negou o pedido e em seguida encerrou a reunião. À tarde, ela divulgou “nota de esclarecimento”.
“Na segunda conferência, às 8h30, foi constatado quórum e deu-se início a 97ª reunião do Couni, porém em lugar de ordenamento de procedimentos, respeito, urbanidade e organização, ocorreram fatos que impediram, novamente, a continuidade dos trabalhos”, afirma a nota.
Mirlene Damázio continua: “houve ocupação de pessoas não relacionadas como conselheiros, que, com ofensas verbais, provocaram ambiente hostil, instável e desrespeitoso, impossibilitando o andamento da reunião”.
A reitora temporária encerra a nota afirmando que, pela segunda vez como ocorreu no dia 26 de setembro, deliberou pelo cancelamento da reunião e transferência para data ainda não definida.
Conselheiros – Os membros do Couni presentes à sessão também divulgaram nota nesta sexta-feira criticando a escolha da “sala pequena” para a reunião e, mais uma vez, chamando Mirlene de “interventora”. Ela foi nomeada em junho pelo Ministério da Educação, que ignorou a lista tríplice elaborada após eleição interna, em março.
“Antes do início da reunião fora instruída pela administração interventora uma pessoa para ficar na porta de entrada para monitorar e inviabilizar a entrada de membros da comunidade, o que fere previsão regimental do próprio Conselho”, afirma a nota dos conselheiros.
Eles acusam Mirlene de infringir o regimento do Couni ao se negar a colocar em votação a proposta mudança da reunião para o auditório “de modo a que o debate pudesse comportar todos os presentes”.
“Unilateralmente encerrou a reunião na primeira manifestação dos conselheiros, sem votação direta e nominal, enterrando definitivamente os procedimentos democráticos na UFGD”, afirma a nota.
Para os conselheiros, “ao cancelar ilegalmente a reconvocada e já realizada 97ª reunião do Conselho Universitário”, Mirlene Damázio prolonga a crise institucional e “atenta contra o bom andamento da Universidade”.
Eles encerram a nota criticando a permanência de Mirlene Damázio no cargo. “O prejuízo imposto à UFGD e à comunidade pela manutenção da intervenção do Ministério da Educação na reitoria dessa universidade, quando já se tem uma lista tríplice hígida e válida, é grave, irresponsável e projetada com o claro propósito de sucatear e atacar o bom andamento da produção pedagógica, acadêmica e extensionista da instituição”, afirmam os conselheiros.