Sem dinheiro para comprar alimentos, HU suspende internações e cirurgias
Hospital Universitário de Dourados não recebe repasses do Estado e do município desde janeiro e acumulado chega a R$ 2,2 milhões
Em crise devido ao atraso de cinco meses nos repasses feitos pelo governo do Estado e pelo município, o HU (Hospital Universitário) de Dourados, cidade a 233 km de Campo Grande, anunciou hoje (8) que vai suspender internações de adultos. Sem dinheiro até para comprar alimentos servidos aos pacientes, o hospital também vai suspender, na segunda-feira (12), as cirurgias eletivas.
Em nota encaminhada pela assessoria de imprensa, o hospital, que é ligado à UFGD (Universidade Federal da Grande Dourados) e filial da Ebserh (Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares), informou que a partir desta quinta vai restringir as internações por desabastecimento de insumos e gêneros alimentícios.
“A decisão foi tomada em virtude da grave crise financeira que o HU-UFGD enfrenta, devido à falta de repasse, desde janeiro de 2017, das parcelas estadual e municipal do contrato do hospital com o SUS, totalizando o montante de R$ 2,2 milhões”, diz a nota.
O hospital informou que tem adotado medidas para contingenciar os gastos e manter a oferta de todos os serviços, “mas a situação tornou-se insustentável com o desabastecimento de gêneros alimentícios”.
Sem carne – Conforme a assessoria do HU, por falta de dinheiro a dieta dos pacientes teve que ser alterada e não estão mais sendo servidos carne e derivados nas refeições dos acompanhantes.
“Pela necessidade de manter a oferta dos serviços essenciais, como os da linha materno-infantil, para os quais o HU-UFGD é a única referência regional, a gestão do hospital decidiu não mais internar pacientes adultos clínicos que requerem dieta oral e, a partir de segunda-feira, dia 12 de junho de 2017, suspenderá as cirurgias eletivas”, informa o HU.
Segundo o hospital, a suspensão das cirurgias eletivas é para priorizar o pleno funcionamento dos serviços do centro obstétrico, que inclui a maternidade.
A restrição das internações e a suspensão das cirurgias eletivas já foram informadas ao MPE (Ministério Público Estadual MPE), ao MPF (Ministério Público Federal), à Secretaria de Saúde de Dourados e ao CRM (Conselho Regional de Medicina).
“A gestão do HU-UFGD esclarece ainda que, tão logo haja o repasse dos valores em atraso, o pagamento aos fornecedores e a consequente retomada do fornecimento dos insumos, retornará à normalidade da oferta dos serviços”, informa o hospital.
O Campo Grande News procurou as assessorias das secretarias estadual e municipal de Saúde, mas os órgãos ainda não se manifestaram sobre a decisão do HU.