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Interior

Traficante ligado a Beira-Mar é acusado de chefiar quadrilha de Bonito

Eliandro Fernandes do Amaral, o “Cateto”, é irmão de José Elias do Amaral, o “Bagual”, morto em 2008

Helio de Freitas, de Dourados | 16/12/2022 17:32
Placa do balneário de Eliandro Fernandes Amaral em Bonito; ao lado a sigla “EFA” (Foto: Direto das Ruas)
Placa do balneário de Eliandro Fernandes Amaral em Bonito; ao lado a sigla “EFA” (Foto: Direto das Ruas)

A organização criminosa baseada na cidade de Bonito e investigada pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) no âmbito da Operação “Paraíso Marcado”, é chefiada por bandido conhecido na fronteira de Mato Groso do Sul com o Paraguai.

Eliandro Fernandes do Amaral, o “Cateto”, tem histórico de pelo menos duas décadas de envolvimento com o narcotráfico e no início dos anos 2000 mantinha ligação com o narcotraficante Luiz Fernando da Costa, o “Fernandinho Beira-Mar”.

Ontem (15), a quadrilha supostamente liderada por “Cateto” foi alvo de 52 mandados de buscas e apreensão e de prisão temporária cumpridos em Dourados, Ponta Porã, Bonito, Jardim, Guia Lopes da Laguna, Campo Grande e Porto Murtinho. Durante as buscas, oito pessoas foram presas em flagrante por posse irregular de armas e por tráfico.

Entre os envolvidos estão policiais militares. Dois PMs lotados no 4º Batalhão em Ponta Porã foram presos ontem.

Eliandro do Amaral é irmão de outra figura carimbada na linha internacional – José Elias Fernandes do Amaral, o “Bagual”, executado com 20 tiros em 12 de dezembro de 2008, na Festa do Laço de Amambai.

Em 2002, os irmãos Fernandes do Amaral foram presos com 337 quilos de cocaína em Amambai e condenados a 10 anos de reclusão cada um.

Depois de cumprirem parte da pena, ganharam liberdade e “Bagual” foi morto em dezembro de 2008. Em junho de 2009, “Cateto” voltou a ser preso por tráfico, no âmbito da Operação Saisine, que mirou esquema de remessa de cocaína ligado à estrutura de Beira-Mar. Outras 16 pessoas foram presas na mesma operação. O processo deste caso tem 4.208 páginas e está atualmente em grau de recurso.

EFA - O nome da operação deflagrada ontem pelo Gaeco foi escolhido em função do costume que Eliandro Fernandes do Amaral tem, de colocar as iniciais (EFA) em suas propriedades e bens.

Foi o que ele fez no “Balneário e Camping Ponta Bonito”, localizado na Estrada Barra do Quati, zona rural da capital do turismo de Mato Grosso do Sul. A placa de madeira com o nome do balneário instalada no portão de acesso ao local tem as iniciais “EFA”.

A empresa com razão social Eliandro Fernandes do Amaral (nome fantasia Ponta Bonito) foi aberta em 4 de setembro de 2012 e está em situação cadastral ativa. Segundo o Gaeco, o líder da organização criminosa escolheu Bonito (a 297 km de Campo Grande) para fixar residência e do local comanda as ações da quadrilha.

Churrasco – Como o Gaeco não divulgou nomes dos alvos da operação, não foi possível confirmar se “Cateto” estava na lista dos investigados que deveriam ser presos temporariamente. O Campo Grande News apurou que buscas foram feitas na residência dele, mas Eliandro não estava em casa. À noite, ele fez um churrasco no local e reuniu alguns amigos.

Segundo o grupo especial do Ministério Público, a organização criminosa investigada na Operação Paraíso Marcado está estabelecida há vários anos em Bonito e região, voltada ao tráfico de drogas, comércio ilegal de armas de fogo e lavagem de dinheiro.

Um dos núcleos investigados é liderado pelo ex-vereador de Bonito, Erregianio da Rosa, o “Regis”, que ocupou cadeira na Câmara até dezembro de 2016. No ano seguinte, ele foi preso pela Polícia Federal com 412,5 quilos de cocaína embaladas em caixas do McDonald's transportadas em caminhão de boiadeiro.

Com a prisão decretada, Erregiano está foragido há algum tempo. A reportagem apurou que ele se esconde em fazendas nos arredores da reserva dos índios Kadiwéu, no Pantanal.

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