Velório de índio morto em confronto pode ser suspenso para nova autópsia
O velório do indígena Oziel Gabriel, de 35 anos, - morto ontem em confronto na reintegração de posse da fazenda Buriti - pode ser suspenso para uma nova autópsia. De acordo com o irmão da vítima, Jabes Gabriel, de 41 anos, a família aguarda uma ligação do procurador Emerson Kalif Siqueira, do MPF (Ministério Público Federal).
O novo procedimento será para definir o calibre do projétil que atingiu Oziel. Caso a autópsia não seja realizada , o sepultamento acontecerá às 15h, na aldeia Córrego do Meio, a 25 quilômetros da cidade de Sidrolândia. Ontem , o corpo seguiu do hospital beneficente Elmíria Silvério Barbosa direto para a Pax Bom Jesus, sem passar pelo IML (Instituto Médico Legal).
A plantonista do IML não estava na cidade e viajou com a chave do local. Então, dois médicos-legistas foram a Pax Bom Jesus. O laudo assinado pelo médico-legista Walney W. Pereira aponta que o óbito foi por choque hipovolêmico decorrente de ferimento por arma de fogo. Conforme o laudo do legista, ele foi atingido por um tiro no abdômen, a bala passou pelo fígado e o projétil saiu pelas costas.
A ação na fazenda Buriti durou nove horas, das 6h às 15h. A reintegração de posse, determinada pela Justiça Federal, foi cumprida pela PF (Polícia Federal), com apoio da PM (Polícia Militar). O imóvel rural pertence ao ex-deputado Ricardo Bacha. Os terenas atearam fogo a ponte e casas na fazenda Buriti.
A PF apreendeu armas artesanais, facões e duas espingardas. A fazenda foi invadida pelos terenas em 15 de maio. No mesmo dia, saiu uma decisão para que os índios deixassem o local. Mas a reintegração não foi cumprida e no dia 18 a decisão acabou suspensa até quarta-feira, quando foi realizada audiência na Justiça Federal. Na manhã desta sexta-feira, eles retomaram a invasão na fazenda Buriti.