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Cidades

PM tinha munição letal; “Mas ninguém sai para matar”, diz chefe da Cigcoe

Aline dos Santos | 31/05/2013 10:11
Corpo de índio morto em Sidrolândia. (Foto: Simão Nogueira)
Corpo de índio morto em Sidrolândia. (Foto: Simão Nogueira)

O comandante da Cigcoe (Companhia de Gerenciamento de Crises e Operações Especiais), major Marcos Paulo Gimenez, afirma que a Tropa de Choque levou munição letal para a ação de reintegração de posse da fazenda Buriti, em Sidrolândia. “Não vou falar que utilizou. Não posso dizer se utilizou ou não. Os próprios índios estavam armados, pode ter sido fogo amigo. Quem define isso é a perícia”, afirma.

Ele explica que a atuação da Tropa de Choque segue padronização internacional. “Ninguém sai daqui para matar um, dois, três. Claro que não. A atuação da Tropa de Choque é dispersar para não confrontar”, salienta.

Conforme o major, a tropa se divide em escudeiros, lançadores (responsáveis por disparar granadas e bombas de gás lacrimogêneo) e seguranças (que levam arma letal). A Cigcoe atuou em apoio à PF (Polícia Federal), escalada para cumprir a ordem de reintegração determinada pelo juiz Ronaldo José da Silva.

Em nota divulgada ontem, o governo do Estado informou que as tropas da PM não utilizaram munição letal, somente balas de borracha. A ação, que foi das 6h às 15h de ontem, acabou em confronto. Do lado dos terenas, uma morte e quatro feridos. Do lado dos policiais, a PF e a PM divulgaram que também houve feridos.

O clima ficou mais tenso com a morte de Oziel Gabriel, de 35 anos. Conforme o laudo do legista, ele foi atingido por um tiro no abdômen, a bala passou pelo fígado e o projétil saiu pelas costas. Desta forma, sem a bala, a identificação de qual arma partiu o projétil fica prejudicada.

Em nota divulgada pelo Cimi (Conselho Indigenista Missionário), Otoniel Terena, irmão da vítima, afirma que o tiro que matou Oziel partiu de um grupo de policiais federais. “Meu irmão levou o tiro do lado em que a PF estava. Os policiais se dividiram em três grupos. Eu estava com outros indígenas no lado dos policiais militares; meu irmão do lado da PF. Ouvimos tiros vindos de lá, do lado da PF. Depois vieram carregando o Oziel, para levá-lo ao hospital”, relata.

Os terenas atearam fogo a ponte e casas na fazenda Buriti. A PF apreendeu armas artesanais, facões e duas espingardas. A fazenda foi invadida pelos terenas em 15 de maio. No mesmo dia, saiu uma decisão para que os índios deixassem o local. Mas a reintegração não foi cumprida e no dia 18 a decisão acabou suspensa até quarta-feira, quando foi realizada audiência na Justiça Federal.

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