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Cidades

Da área do conflito, índios dizem que vão resistir “até morrer” e acusam PF

Ângela Kempfer | 30/05/2013 12:42
Foto feita de longe mostra a quantidade de índios na propriedade e a ação da Polícia com bombas de efeito moral. (Foto: João Garrigó)
Foto feita de longe mostra a quantidade de índios na propriedade e a ação da Polícia com bombas de efeito moral. (Foto: João Garrigó)
Índios acompanham retirada de corpo para o IML. (Foto: Simão Nogueira)
Índios acompanham retirada de corpo para o IML. (Foto: Simão Nogueira)

Dois professores que estão neste momento na fazenda Buriti garantem que Oziel Gabriel, morto durante confronto na manhã de hoje, foi baleado pela Polícia Federal.

Os dois pedem para não serem identificados "por medo de perseguição", mas informam que mais de 1.2 mil pessoas continuam na área, da porteira para fora. “Tem gente das 12 aldeias aqui de Sidrolândia. Não vamos sair daqui porque agora queremos justiça por causa da morte do nosso guerreiro”, diz uma professora.

Durante o telefonema, algumas vezes interrompida por conta do sinal precário na região, foi possível ouvir gritos que indicam movimentação tensa e, inclusive, barulhos de tiros.

Segundo ela, não houve qualquer tentativa de mediar a saída pacífica antes da invasão policial. “Se eles dizem isso estão mentindo. Chegaram já atirando lá pelas 6 horas da manhã, não falaram com ninguém antes. O tiroteio durou até às 11 e agora vai começar de novo”, afirma.

A mulher garante que todo o confronto foi filmado pelos índios que também recolheram os projeteis que ficaram espalhados pelo chão. “Estamos pegando todas as provas possíveis para mostrar que eles atiraram para matar”, relata. Segunda ela, apesar de vários feridos, nenhum socorro foi prestado pela Polícia. "Largaram os meninos lá, sangrando. A gente teve de pedir ajuda para quem passava pela estrada".

Ela pede para ser chamada de “guerreria” conta que ontem à noite, quando os terena souberam da decisão da Justiça Federal para reintegração imediata de posse, as famílias retiraram as crianças do local, já se preparando para a resistência, prevendo um conflito com a polícia.

Outro professor, diz ter visto o momento em que Ozie foi baleado, no peito, por um policial federal. “Ele estava em pé, já correndo para o outro lado da sede quando foi atingido. Era bala de verdade, bala de borracha não mata assim”, protesta.

Ele fala que um “delegado da Polícia Federal, baixinho e careca, comandou tudo”, pelas características, ele faz referência ao delegado Alcídio dde Souza Araujo.

A notícia da morte aumentou a tensão entre os terena que falam em resistir até a “morte”. “Para a gente é tudo ou nada. Já perdemos muito, a maioria aqui não tem mas esperança nenhuma. Se a gente tem de morrer, que seja”, comenta o rapaz que diz ter 23 anos.

Há pouco, o fotógrado do Campo Grande News conseguiu chegar bem perto da área de conflito e diz que a situação é visivelmente tensa. "Há muita fumaça, índios correndo da Polícia", relata.

Há uma barreira da Polícia Federal na estrada de acesso principal, impedindo que a imprensa passe para registrar a desocupação.

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