Vereadora suspeita de fraude diz que usou diária em curso e tem certificado
Ouvida pela Comissão Processante que investiga o esquema de fraudes com dinheiro público, conhecido como “farra das diárias”, a vereadora afastada Célia Pinto disse que viajou e participou do curso para o qual recebeu dinheiro. Ela deu a declaração nesta segunda-feira (9), na presidência da Câmara Municipal de Ribas do Rio Pardo, a 103 quilômetros de Campo Grande.
Segundo o jornal Rio Pardo News, Célia disse que tem apenas o certificado do evento como documento que possa comprovar que esteve em Curitiba, destino da viagem. Ela argumentou que não tem outros comprovantes, porque isso nunca foi solicitado na Câmara. “Você pedia diária com o convite do curso, e depois você confirmada sua diária com o certificado”, justificou. Segundo ela, existe uma “lei que é muito clara com relação a isso”, conclui afirmando que “sempre foi dessa forma”.
A vereadora falou ainda que tem seu afastamento como injusto e indevido. “Espero ser absolvida, uma vez que estou sendo processada somente por esse curso de Curitiba e eu posso confirmar que eu estive no curso em Curitiba. Então eu espero na Comissão Processante, pela justiça, e eu espero em Deus, que isso seja esclarecido o mais rápido possível, porque eu estive em Curitiba”, declarou.
Vereadora há 14 anos no município e professora de formação, Célia lecionou por alguns anos e foi conselheira tutelar, antes de ingressar na vida política, de acordo com o Rio Pardo News. Em sua defesa, ela disse que abdicou de uma vida inteira profissional, muitas vezes, deixando a família para fazer um “trabalho parlamentar digno”.
Farra das diárias - De acordo com a investigação do MPE (Ministério Público Estadual), que durou cerca de dez meses, os vereadores faziam saques de dinheiro em um supermercado do município, pagavam pensão alimentícia com dinheiro público, forjavam relatórios de viagens e ensinavam os colegas a seguir com os esquemas fraudulentos.
O Ministério fez uma relação de crimes cometidos por cada um dos acusados. O grupo também contratava empresas sem licitação ou por procedimentos licitatórios que não passavam de farsa, para beneficiar empresas de familiares e de amigos dos agentes públicos.
No dia 13 de janeiro foi aberta a Comissão Processante para investigar o esquema. Em novembro, o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) deflagrou a Operação Viajantes, que apreendeu documentos na Casa de Leis. A promotoria do município ingressou com uma ação civil pública para investigar os gastos. Como não foram condenados pela Justiça, os vereadores ainda possuem os mandatos, mas podem perdê-los se a Comissão Processante cassa-lós.