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Cidades

Lama Asfáltica aponta desvio de R$ 44 milhões e rede para “limpar” dinheiro

Aline dos Santos e Leandro Abreu | 10/05/2016 13:00
Equipe da PF cumpriu mandado de busca no apartamento de Puccinelli. (Foto: Marcos Ermínio)
Equipe da PF cumpriu mandado de busca no apartamento de Puccinelli. (Foto: Marcos Ermínio)
Secretaria chegou a ser fechada pela Polícia Federal. (Foto: Thiago Mendes)
Secretaria chegou a ser fechada pela Polícia Federal. (Foto: Thiago Mendes)

A operação Lama Asfáltica, cuja segunda fase foi realizada nesta terça-feira (dia 10), identificou R$ 44 milhões em desvio de recurso público e que foi formada uma rede de “laranjas”, composta por familiares e terceiros, para lavagem do dinheiro de origem ilícita. Os valores foram transformados principalmente em fazendas, que totalizam 67 mil hectares espalhados por Mato Grosso do Sul.

Batizada de Fazendas da Lama, a nova etapa, que prendeu 15 pessoas, resultou no bloqueio de R$ 43 milhões. O montante foi bloqueado de 24 investigados. Na lista de bens bloqueados estão imóveis rurais e urbanos, veículos, dinheiro e dois aviões. Uma aeronave pertence a João Alberto Krampe Amorim dos Santos (dono da Proteco Construções Ltda) e a segunda está em nome do empresário João Baird.

De acordo com o delegado regional de combate ao crime organizado da Polícia Federal, Cleo Mazzotti, essa nova etapa foi focada na lavagem do dinheiro, ou seja, qual o destino dos valores desviados. “As buscas de hoje foram muito produtivas. O material apreendido comprova o que a investigação vinha dizendo”, afirma o delegado. Hoje, foram apreendidos 10 mil dólares, além de reais, documentos e computadores. Não foi informado o local da apreensão dos dólares.

Conforme o chefe da CGU (Controladoria-Geral da União), José Paulo Barbiere, o valor de R$ 44 milhões em desvio é resultante da soma das duas fases: R$ 11 milhões na etapa de 9 de julho de 2015 e R$ 33 milhões nesta segunda etapa. Segundo ele, foram feitas amostras em contratos de R$ 2 bilhões. De um total de R$ 195 milhões analisados, a suspeita é do desvio de R$ 44 milhões. “É um índice de 23% a 25% de prejuízo em cada obra”, afirma Barbiere.

Segundo Mazzotti, segunda etapa foi focada no crime de lavagem de dinheiro. (Foto: Fernando Antunes)
Segundo Mazzotti, segunda etapa foi focada no crime de lavagem de dinheiro. (Foto: Fernando Antunes)
Delegado da Receita Federal identificou empresas recém-criadas e com alto lucro. (Foto: Fernando Anrunes)
Delegado da Receita Federal identificou empresas recém-criadas e com alto lucro. (Foto: Fernando Anrunes)
De acordo com  chefe da CGU, contratos com desvio ia de pavimentação a livros. (Foto: Fernando Antunes)
De acordo com chefe da CGU, contratos com desvio ia de pavimentação a livros. (Foto: Fernando Antunes)

De asfalto a livro - Dentro dos R$ 33 milhões com suspeita de desvio, estão contratos para manutenção de estradas pavimentadas e não pavimentadas na região de Campo Grande; dois lotes na MS-040 (que teve recurso do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social); e compra de livros didáticos. No caso dos livros, os contratos eram de R$ 29 milhões, com desvio de R$ 13 milhões. A vigência foi entre 2012 e 2014.

Nas obras de pavimentação, a estratégia para o superfaturamento era direcionar a licitação por meio de cláusulas restritivas.

O representante da CGU destacou o crescimento da operação. No ano passado, foram 13 agentes da CGU e 100 policiais federais. Nesta terça-feira, o total saltou para 28 pessoas da CGU, 44 da Receita Federal e 201 policiais federais.

Já a Receita Federal identificou empresas recém-criadas e com alto lucro. Segundo o delegado Flávio Barros Cunha, foi verificada a movimentação financeira, doações de empresas, contrato de locação de máquinas e empresas de pequeno porte com movimentação financeira menor do que a declarada.

A operação cumpriu mandado de busca no apartamento do ex-governado André Puccinelli (PMDB) e fechou a Seinfra (Secretaria Estadual de Infraestrutura) na manhã desta terça-feira. Os mandados são cumpridos em Campo Grande, Rio Negro, Curitiba (PR), Maringá (PR) Presidente Prudente (SP) e Tanabi (SP).

Casal Edson e Rachel Giroto está na lista de presos. Na foto, eles aparecem na eleição de 2012.
Casal Edson e Rachel Giroto está na lista de presos. Na foto, eles aparecem na eleição de 2012.

Presos – A prisão é temporária, com validade de cinco dias. A superintendência da PF não tem capacidade para abrigar os presos, que serão distribuídos para o sistema penitenciário estadual.

Veja a lista: João Alberto Krampe Amorim dos Santos (dono da Proteco Construções Ltda), Elza Cristina Araújo dos Santos (secretária e sócia de Amorim), Renata Amorim Agnoletto (filha de João Amorim), Ana Paula Amorim Dolzan (filha de João Amorim), Ana Lúcia Amorim (filha de João Amorim), Edson Giroto (ex-secretário estadual de Obras e ex-deputado federal);

Além de Rachel Rosa de Jesus Portela Giroto (esposa do ex-secretário), Wilson Roberto Mariano de Oliveira - Beto Mariano (servidor), Mariane Mariano de Oliveira (filha de Wilson Mariano), Ana Cristina Pereira da Silva, André Luiz Cance (ex-secretário adjunto da Secretaria Estadual de Fazenda), Flávio Henrique Garcia (empresário), Evaldo Furrer Matos, Maria Vilma Casanova e Hélio Yudi Komiyama (servidor).

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