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Cidades

Legistas vêm de Brasília para fazer novo exame em índio morto

Nyelder Rodrigues e Viviane Oliveira, de Sidrolândia | 31/05/2013 19:20
Oziel é velado na própria aldeia Córrego do Meio (Foto: Vanderlei Aparecido)
Oziel é velado na própria aldeia Córrego do Meio (Foto: Vanderlei Aparecido)

Três médicos legistas da Polícia Federal (PF) devem vir de Brasília (DF) para fazer uma nova autópsia no corpo do índio terena Oziel Gabriel, de 35 anos, no Instituto Médico Legal (IML) de Campo Grande.

Conforme o cacique Antônio Aparecido Jorge, a informação foi passada a ele por um servidor da Funai (Fundação Nacional do Índio) que fez durante todo o dia os trâmites legais para transferir o corpo.

Após se recusar a autorizar novos exames em Oziel, a família do indígena voltou a trás e vai deixar que seja feito a autópsia, mesmo ele já estar sendo velado há 24h, na aldeia Córrego do Meio, onde nasceu e sempre morou.

Porém, a informação inicial era a de que o índio seria levado para Brasília. No IML em Campo Grande, ainda não existe a confirmação da chegada do corpo, nem informações sobre possíveis horários e procedimentos da chegada.

Para fazer justiça – O pai de Oziel, Evilásio Gabriel, 64 anos, conta que autorizaram a nova autópsia porque o filho, antes de ir para o conflito, pediu que a justiça fosse feita caso algo acontecesse.

“Quando o índio vai ocupar uma área, ele não tem medo e está disposto a tudo pela terra”, comentou Evilásio, acrescentando que a nova autópsia vai poder apontar qual o calibre da arma que matou Oziel e deixar claro que o disparo veio da polícia.

Além disso, ele diz que sabia que haveria tiros e que alguém poderia morrer durante a desocupação, mas não imaginava que a vítima seria o filho dele, que será enterrado em um cemitério na própria aldeia Córrego do Meio.

A família aguarda a chegada da equipe da Sesai (Secretaria Especial de Saúde Indígena) para fazer o transporte. Oziel deixou dois filhos, Jean Carlos, de 18 anos, e Joeser, de 15, que estava com ele durante o conflito e chegou a filmar o pai, com um arco e flechas, antes do conflito piorar.

Ocupações e total de mortes – Os índios contam que das 30 fazendas reivindicadas como área indígena em Sidrolândia e Dois Irmãos do Buriti, 11 ainda não foram ocupadas por eles.

Com o caso de Oziel, a morte de indígenas em conflitos fundiários já chega a 289, segundo os próprios índios.

Em Sidrolândia, atualmente, estão ocupadas as fazendas Água Doce, Querência São José, Santa Clara, Flórida, 3R e Buriti, as duas últimas pertencentes a Ricardo Bacha.

Na Buriti, há 200 índios, e mais irão para o local assim que terminar o velório de Oziel. Apesar de tudo, eles afirmam que a morte de mais um guerreiro não vai para-los, e sim dar mais forças para lutar.

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