Médico e empresário alvos da PF ainda não colocaram tornozeleira
Os dois são considerados os “cabeças” de organização criminosa que fraudava licitações para lucrar com contratos do HU e do HR
O cardiologista Mercule Pedro Paulista Cavalcante e o empresário Pablo Augusto de Souza Figueiredo ainda não apareceram para colocar a tornozeleira eletrônica. A pedido da PF (Polícia Federal) e por determinação da Justiça, os dois alvos da Operação Again serão monitorados.
A contar desta quinta-feira (25), os dois tinham três dias para comparecer ao Patronato Penitenciário de Campo Grande, onde os aparelhos são instalados e retirados. Conforme apurou o Campo Grande News, eles devem ir até o local ainda hoje.
Esquema – Os dois são considerados pela PF e pela CGU (Controladoria Geral da União) os “cabeças” de organização criminosa que fraudava licitações e superfaturava materiais hospitalares para lucrar com recursos públicos desviados. Contratos com o Hospital Universitário e Hospital Regional eram usados no esquema.
Além dos principais alvos da força-tarefa deflagrada ontem, após um ano e meio de investigações, mais seis pessoas são investigadas. São servidores, segundo a PF.
Em entrevista coletiva concedida à imprensa ontem, os delegados da PF, Cleo Mazzoti e Marcelo Botelho, e o chefe da CGU (Controladoria Geral da União), José Paulo Julieti Barbiere, explicaram a dinâmica usada pelo que eles classificam de organização criminosa para desviar recursos públicos.
Licitações eram direcionadas com cláusulas restritivas para beneficiar determinadas empresas, que pagavam propina ao médico e outros envolvidos. Em alguns casos, Mercule atuou diretamente nos processos licitatórios.
Equipamentos comprados pelos hospitais públicos também eram desviados pelo médico para uso nas clínicas particulares. Próteses eram utilizadas mesmo vencidas.
As empresas Amplimed Distribuidora de Produtos Hospitalares Ltda., que pertence a Pablo Figueiredo, e QL Med são investigadas. As duas tiveram contratos, firmados em 2016 e 2017, que somam R$ 12 milhões com o HU e o HR.
A PF e a CGU se debruçaram sobre R$ 6 milhões em contratos e identificaram R$ 3,2 milhões em prejuízos aos cofres públicos.