Paraguai promete asfaltar 678 km da Rota Bioceânica em três anos
Enquanto a caravana formada por empresários e representantes do governo de Mato Grosso do Sul e da Prefeitura de Campo Grande avança pelo norte da Argentina e Chile propagando a Rila (Rota da Integração Latino-Americana) formada por quatro países como o corredor mais viável para as exportações da região Centro-Oeste, o Paraguai garante que em três anos concluirá a pavimentação de 678 km desse tronco rodoviário.
Ao se encontrar com a caravana, que saiu de Mato Grosso do Sul na última sexta-feira, 25 – são mais de 80 pessoas viajando em 24 caminhonetes, incluindo uma equipe do Campo Grande News -, na província de Boquerón, o ministro das Relações Exteriores Didier César Olmedo Adorno, proclamou que o seu país investirá mais de R$ 3,4 bilhões na obra. O dinheiro sairá de uma aliança do governo paraguaio com o setor privado.
A palavra de Olmedo era o endosso que o Governo de Mato Grosso do Sul e os empresários do setor de transporte rodoviário tanto esperavam para viabilizar o novo tronco logístico que encurtará em 8 mil km o passeio dos produtos da região para a Europa e Ásia.
Sem o asfalto do lado paraguaio, que cortará o Chaco, de Carmelo Peralta a Pozo Hondo, na fronteira com a Argentina, o projeto de integração comercial entre os quatro países não se concretizará.
Licitação concorrida – “Já licitamos o primeiro trecho, de Carmelo Peralta (fronteira com Porto Murtinho) e Marechal Estigarribia, de 277 km”, disse o ministro, acentuando que a obra exigirá mais de 60% dos recursos previstos devido sua complexidade por passar pelo Pantanal (Chaco) paraguaio. Quatro empresas, de origem portuguesa, chilena, brasileira e argentina, disputam o leilão para executar o audacioso projeto. O segundo trecho, de 401 km, ligará Estigarribia a Pozo Hondo.
A fala do ministro em reunião com empresários da maior cooperativa de derivados de carne e leite do Chaco ganhou ressonância com a divulgação da Carta Loma Plata (província paraguaia), subscrita pelas autoridades das cidades argentinas e chilenas por onde passará a rota de apoio ao acordo bilateral. “Estamos concluindo até dezembro o projeto da segunda fase e em três anos vamos comemorar aqui essa conquista”, disse Olmedo.
Presente a esse encontro, do qual participou também a caravana de Mato Grosso do Sul, o coordenador de Assuntos Econômicos do Ministério das Relações Exteriores do Brasil, João Carlos Pakinson de Castro, ratificou a confiança do Brasil no compromisso assumido pelo Paraguai. Ele disse que a construção da ponte de concreto sobre o Rio Paraguai, entre Porto Murtinho e Carmelo Peralta, também é fato consumado e depende apenas de aprovação do Congresso.
Churrasco e discurso - Parkinson acompanha a segunda viagem da caravana aos quatro países que compõe a Rila, cuja iniciativa do Setlog (Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas e Logística de Mato Grosso do Sul) ganhou esta semana mais um integrante, o embaixador do Chile no Brasil, Haroldo Muñoz. A caravana iniciou o reconhecimento do corredor bioceânico por Porto Murtinho e percorrerá 6 mil km (ida e volta), chegando aos portos de Iquiqui, no Chile.
A penetração das caminhonetes da Rila 2 por caminhos de difícil acesso mostra que o Paraguai não acompanhou o ritmo das obras estruturantes realizadas pelos seus vizinhos. O Chaco é uma das regiões de maior produção de carne bovina do continente sul-americano, contudo o gargalo chama-se transporte, por falta de boas estradas, conforme se expressou o governador da província de Boquerón, Edwin Pauls. Entusiasmado com o projeto, ele integra a caravana.
O pior trecho da rodovia paraguaia que liga as fronteiras com Mato Grosso do Sul e a Argentina, a ser asfaltado, concentra-se entre Boquerón e Pozo Hondo, de quase 500 km. O clima semiárido da região ainda contribui para dificultar o escoamento da produção e também freia o desenvolvimento dos vilarejos. O fino pó de areia depositado no leito da estrada de terra faz da profissão dos caminhoneiros uma aventura perigosa e desgastante.
Argentina cumpre - A chegada da caravana em Pozo Hondo, na Argentina, foi comemorado com churrasco e discursos otimistas com a promessa do asfalto. O secretário estadual de Infraestrutura, Marcelo Miglioli, que integra o grupo, ao lado do subsecretário, Helianey Silva, se reuniu com a comunidade, ao lado da estrada, para dizer que o governo tem a palavra do presidente Michel Temer (PMDB) de que a obra da ponte de concreto começa em 2018. “É fato concreto”,
Ao deixar o Paraguai, a caravana seguiu por mais um trecho de terra em território argentino, logo entrando na rodovia 54 (asfaltada), que forma o eixo rodoviário proposto, chegando a bela cidade de São Sebastião de Jujuy. As autoridades argentinas garantiram que os 26 km de revestimento primário dessa rodovia serão pavimentados em 2018. O trecho mais crítico situa-se na fronteira com o Paraguai, na localidade de Passo de Jama, mas as obras já começaram.