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Cidades

Pecuarista apontado como "laranja" de Baird se apresenta à PF amanhã

Decisão da 3ª Vara Federal aponta "movimentação financeira atípica" e vínculo entre Romilton Rodrigues e João Baird, preso na fase de hoje

Mayara Bueno e Anahi Zurutuza | 27/11/2018 15:09
Veículo da Receita Federal estacionado no TCE, nesta manhã, durante ações da operação. (Foto: Marina Pacheco).
Veículo da Receita Federal estacionado no TCE, nesta manhã, durante ações da operação. (Foto: Marina Pacheco).

Romilton Rodrigues de Oliveira, um dos alvos de prisão da 6ª fase da Operação Lama Asfáltica, deflagrada desta terça-feira (dia 27), se apresenta à PF (Polícia Federal) na quarta-feira (dia 28), às 8 horas. A informação é de Tiago Bunnin, que se apresentou como advogado à reportagem.

Ainda segundo a defesa, o investigado foi “surpreendido” ao saber que foi alvo, mas, hoje, está em sua fazenda na região sul do Estado. Por isso, vai se apresentar amanhã, confirmado combinado com a PF.

O alvo é pecuarista e serviria de “laranja” no esquema de desvio de dinheiro dos cofres públicos e remessas de valores de forma clandestina para o exterior. São três alvos de prisão: além de Romilton, o ex-secretário-adjunto de Fazenda, André Luiz Cance, o empresário Antônio Celso Cortez e João Baird.

Segundo a decisão da 3ª vara, Romilton aparece em cinco extratos de movimentação bancária do Banco Bilbao Vizcaya Argentaria PY.S.S, grupo espanhol com entidades financeiras em diversos países, inclusive no Paraguai.

Em 2009, o alvo da investigação possuía rendimento de R$ 13.228,80, sendo a fonte pagadora Neiva Despasqual, “que, por sua vez, era companheira de João Baird”. Entre as movimentações bancárias, uma delas é de R$ 50 mil em agosto, “sem quaisquer origens declaradas que justificassem a referida transação”.

Ao todo, a investigação identificou “mais de R$ 35 mil em transferências, depósitos e pagamentos de João Baird para o beneficiário Romilton”. Também são apontados “inúmeros depósitos/transferências/emissões de cheques, nos dias 02, 04 e 18 de março e 5 de novembro de 2015, cujo beneficiário foi Ramilton Rodrigues de Oliveira”.

A investigação aponta “movimentação financeira atípica” em 2015 e evidencia vínculo entre Romilton e João Baird, tendo em vista remessas de recursos oriundas de Baird e de Antônio Cortez, a Romilton, “sem, contudo, quaisquer contrapartidas declaradas que justificassem os referidos recebimentos”.

Resumo

Apelidado de “Bill Gates Pantaneiro”, o empresário João Roberto Baird foi o primeiro preso a chegar à sede da PF (Polícia Federal) de Campo Grande para depor nesta manhã. Cance já foi alvo de outras fases da Lama Asfáltica, mas não foi encontrado na manhã de hoje e é considerado foragido. Antônio Celso Cortez é dono da PSG Tecnologia Ltda. e seria sócio de Baird.

A PF (Polícia Federal), a CGU (Controladoria Geral da União) e a Receita Federal foram às ruas nesta manhã para cumprir 4 mandados de prisão preventiva e 25 de busca e apreensão em Campo Grande, Jaraguari, Dourados e Paranhos.

Em Campo Grande, equipe foi no TCE-MS (Tribunal de Contas de Mato Grosso do Sul), no Parque dos Poderes. No local, as buscas foram feitas no gabinete de assessor do conselheiro Osmar Jerônymo, que foi braço direito de André Puccinelli (MDB).

Os policiais e agentes da CGU e da Receita também fizeram buscas no escritório de advocacia Fábio Leandro Advogados Associados. Fábio Castro Leandro, que dá nome à empresa de assistência jurídica, foi procurador-geral da Prefeitura de Campo Grande quando Gilmar Olarte assumiu o comando do Executivo municipal. O advogado também é filho do desembargador do TJMS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul), Paschoal Carmello Leandro.

A força-tarefa apreendeu documentos ainda na casa de João Baird, no Edifício Monterosso, na rua Antônio Maria Coelho, em frente ao Parque das Nações Indígenas.

De acordo com a PF, nesta fase, donos de empresas de informática que prestam serviços para o Poder Público são investigados por enviar valores clandestinamente para o exterior e o uso de “laranjas” para ocultar patrimônio adquirido com dinheiro desviado dos cofres públicos.

 

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