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Cidades

Pedágio na BR-163 deve encarecer transporte da safra de MS

Nícholas Vasconcelos | 23/01/2013 19:13
Frete em Mato Grosso do Sul deve ficar mais caro com privatização, alerta sindicato. (Foto: Rodrigo Pazinato)
Frete em Mato Grosso do Sul deve ficar mais caro com privatização, alerta sindicato. (Foto: Rodrigo Pazinato)

A instalação de pedágios nas rodovias federais de Mato Grosso do Sul vai encarecer em R$ 1 o frete de cada saca de soja escoada pelo Estado. A afirmação é do presidente do Sindicargas/MS (Sindicato dos Trabalhadores de Transportadores de Cargas e Similares de Mato Grosso do Sul), Roberto Sinai.

“Nossos produtos são primários e o pedágio vai significar muito alto para a nossa competitividade”, explicou Sinai. O dirigente questionou o valor pago em impostos CIDE (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico), cobrado nos combustíveis, que deveriam ser aplicados na melhoria das rodovias.

“Já pagamos impostos para isso. Por que agora vamos entregar nas mãos da iniciativa privada?”, comentou.
A concessão das rodovias foi debatida em uma audiência pública nesta quarta-feira (23) em Campo Grande.

O descontentamento é compartilhado também por Josué da Cruz, da associação dos produtores da agricultura familiar que trabalham na Ceasa. Segundo ele, produtores rurais de Bandeirantes e que negociam seus produtos na Capital vão abandonar a atividade.

“Se o produtor tiver que pagar dois pedágios de R$ 28, fora o gasto que ele já tem, vai inviabilizar a produção, não vai compensar vender”, disse. Josué defende a cobrança de uma tarifa especial para esses consumidores.

Por outro lado, há que fique animado com a concessão dos 1.423,3 km das rodovias no Estado, como Guilherme Fonseca, que trabalha para uma empresa que vende suplementos para carretas e caminhões. “Com mais rodovias, o setor do transporte vai se desenvolver mais e vai precisar de mais caminhões”, comentou.

Outro positivo apresentado pelo representante comercial é que a frota vai se desgastar menos, já que nas condições atuais das rodovias eles têm vida útil de até 10 anos e com as melhorias ela pode subir para 15 anos.

Audiência apresentou detalhes da concessão de três rodovias no Estado. (Foto: Luciano Muta)
Audiência apresentou detalhes da concessão de três rodovias no Estado. (Foto: Luciano Muta)

Conforme o projeto serão instaladas 16 praças de pedágio em Mato Grosso do Sul nos trechos de rodovia que cortam 29 municípios. A tarifa vai oscilar de R$ 4,80 a R$ 7,90, sendo que a vencedora será aquela concessionária que oferecer o menor preço.

Toda BR-163, de Mundo Novo a Sonora, será privatizada. Na BR-267, a concessão terá 249 km, de Nova Alvorada do Sul até a divisa com São Paulo. Já na BR-262, o trecho terá 326,8 km do entroncamento com a BR-163, na Capital, até Três Lagoas.

O gerente de Regulação e Outorga da ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres), Érico Reis, explica que a instalação dos pontos de cobrança foi definida com base no perfil de tráfego e principalmente a não instalação em perímetros urbanos.

“É evitar que aquelas viagens curtas, em que a pessoa entra e logo sai da rodovia,sejam cobradas”, explicou.
Segundo a ANTT, o estudo para a concessão levou quatro meses, período em que foi feita uma pesquisa de campo com investimento em tecnologia.

A empresa que vencer que vai administrar todos trechos do Estado por 25 anos terá de apresentar patrimônio de R$ 8 bilhões, faturando R$ 25 bilhões com a cobrança do pedágio durante todo período do contrato. Deverão ser investidos R$ 8,71 bilhões e o custo de operação estimado será de R$ 3,76 bilhões.

O cronograma de investimentos prevê 96 passagens, 25 passarelas, a implantação de vias marginais de travessias urbanas e contornos rodoviários em Mundo Novo, Eldorado, Caarapó, Dourados e Três Lagoas até o 5º ano de concessão.

O deputado Vander Loubet (PT) acompanhou a audiência pública e disse que este é o maior investimento no Estado nos próximos 10 anos, importante para o desenvolvimento da logística para escoamento da produção.
“Precisamos acompanhar as questões das passagens urbanas, como as ruas laterais rotatórias e preços”, disse.

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