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Cidades

Sem sistema de registro, vítimas amargam espera por documentos

Julia Kaifanny | 19/09/2016 13:23
Sigo, sistema da Polícia Civil, sofria problemas há cerca de dois meses e está fora do ar desde o dia 12 deste mês. (Foto: João Humberto)
Sigo, sistema da Polícia Civil, sofria problemas há cerca de dois meses e está fora do ar desde o dia 12 deste mês. (Foto: João Humberto)

A suspensão do SIGO (Sistema Integrado de Gestão Operacional) tem atrapalhado a vida de quem precisa registrar uma ocorrência ou ter acesso a boletins registrados anteriormente. O sistema de registro da Polícia Civil está fora do ar há desde o dia 12 deste mês e não há previsão para voltar a ativa. 

A estudante Elieze Gonçalves, 24 anos, conta que perdeu os documentos e para solicitar os novos precisa de cópia do registro da ocorrência que já foi feito pela internet. Porém, sem o sistema ela não consegue acessar o documento. 

Elieze percorreu delegacias em busca da cópia do registro, mas não obteve sucesso.  “Nem os policiais conseguem entrar no sistema e não podem registrar dois boletins sobre o mesmo extravio, agora terei que esperar até voltar o sistema”, lamenta  ela.

Hoje, a DGPC (Diretoria Geral da Polícia Civil) proibiu por meio de portaria, que policiais se recusem a registrar boletins de ocorrência devido a problemas no Sigo. Os próprios policiais se negam a falar sobre o assunto, mas sem se identificar, alegam diversos problemas no dia a dia.

Elieze perdeu os documentos e não consegue acesso ao boletim que fez pela internet. (Foto: Fernando Antunes)
Elieze perdeu os documentos e não consegue acesso ao boletim que fez pela internet. (Foto: Fernando Antunes)

Por ser tudo digital, a própria polícia fica sem informações básicas, como registros anteriores e mandados de prisão em abertos. Sem o sistema tudo se tornou mais complicado, até encontrar os donos de objetos recuperados.

Os registros estão sendo feitos em documentos de word nos computadores, mas sem ferramenta de pesquisa, que comunique uma delegacia com a outra. Todos esses entraves aumentam o tempo de espera e muitas pessoas desistem de registrar a ocorrência.

O presidente do Sinpol/MS (Sindicato dos Policiais Civis de Mato Grosso do Sul), Giancarlo Miranda, afirma que polícia praticamente "voltou no tempo" enquanto o estado se prende a questões técnicas como contratos. “Quando um crime acontece a sociedade precisa da rapidez e eficiência para resolver e nós não estamos conseguindo fazer esse trabalho com excelência por falta de um sistema que se tornou vital dentro da policia”, acredita.

Segundo Giancarlo, procedimentos que eram feitos em um clique agora demoram horas pela falta de acesso aos cadastros. "Nem os mandados de prisão não podem ser consultados, o que aumenta a impunidade. O sindicato tem cobrado uma posição do estado, que seja tomada alguma medida nem que seja a troca do sistema, o que não pode é deixar a população em risco”, finaliza.

Na quarta-feira (21), policiais civis farão protestos em uma doação da sangue, na Santa Casa, para demonstrar que os servidores estão "dando o sangue" pela segurança e nada está sendo feito para resolver o problema. Também haverá panfletagem, a estimativa é que 2 mil policiais civis participem.

O Campo Grande News entrou em contato com a Sejusp (Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública de Mato Grosso do Sul), mas não obteve respostas até fechamento do texto.

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