Silêncio em celas relembra 10 anos atrás e agentes temem 'salve geral'
Corredores silenciosos e extrema obediência dos presos deveriam significar que a massa carcerária está sob controle, mas não é o caso do Presídio de Segurança Máxima de Campo Grande. Isso porque, segundo agentes penitenciários, o cenário é o mesmo que precedeu a rebelião de 2006, em que um detento teve seus dentes arrancados em vida e depois foi esquartejado, carbonizado e decapitado.
Ao Campo Grande News, agentes penitenciários pedem anonimato, mas garantem que todos os dias eles vão trabalhar pedindo a Deus que não seja o último. “A calmaria assusta! Ninguém conversa nas celas e corredores, o que deixa o clima no presídio ainda mais tenso”, afirma um servidor.
Segundo eles, a informação apurada dentro da unidade é de que a qualquer momento rebeliões irão “estourar” na Máxima, PED (Penitenciária Estadual de Dourados) e no Presídio de Segurança Média de Três Lagoas. “Os órgãos de segurança irão negar, mas a informação sobre as rebeliões não são segredo para quem trabalha nas unidades penais e a ordem é para que sejam feitos reféns para quando acontecerem”, alerta.
Em 2006, o estopim das rebeliões partiu do epicentro São Paulo, quando membros do PCC (Primeiro Comando da Capital) mandaram um "salve geral" a todas as unidades penais do País, que tinha apenas um significado: "quebrar tudo".
Logo a onda de terror chegou em quatro cidades de Mato Grosso do Sul incluindo a Máxima e deixou rastro de destruição. O saldo, além de um detento morto foi o de cinco agentes aposentos e dois, passados dez anos, não se recuperaram do trauma psicológico. Um deles foi até obrigado a ingerir carne e informado de que era humana.
A direção da Agepen (Agência de Administração do Sistema Penitenciário) avalia que não há indicativo de rebelião. “Estamos acompanhando. A gerência de inteligência acompanha de minuto a minuto e estará se mobilizando caso haja qualquer tipo de problema. Mas não tem indicativo”, afirma o diretor-presidente da agência, Ailton Stropa.