Tecnologia do "Mosquito do Bem" leva pelo menos quatro meses para ser implantada
Caso o governo de Mato Grosso do Sul ou alguma prefeitura do Estado decidisse adotar a tecnologia de mosquitos transgênicos para combater a epidemia de dengue, os efeitos não seriam sentidos de imediato.
De acordo com Cláudio Fernandes, gerente de Negócios da Oxitec, empresa que apresentou o método nesta quarta-feira (20) aos técnicos da Secretaria de Saúde do Estado, são necessários pelo menos quatro meses para a implantação total do projeto em uma determinada área escolhida pela administração pública, que apresente alta infestação do Aedes aegypti.
Com isso, os efeitos da técnica seriam sentidos apenas no verão de 2017, já que antes de realizar a soltura dos mosquitos na área, é feito um trabalho com toda a comunidade local, explicando a atividade através de folhetos explicativos e visitas domiciliares.
"Não podemos iniciar nada sem conversar com as pessoas e mostrar a tecnologia. Só depois soltamos os mosquitos", explica.
Durante a orientação aos moradores do bairro que receberá os mosquitos, os técnicos da empresa chegam a levar um recipiente repleto de mosquitos transgênicos para que as pessoas coloquem a mão dentro e comprovem que eles não picam.
Isso porque são utilizados apenas os machos modificados geneticamente em laboratório. As fêmeas produzidas durante o processo são descartadas, já que elas são as responsáveis pela transmissão do zika vírus, dengue e chikungunya.
"Já estamos trabalhando em uma tecnologia para criar apenas machos, mas ainda é um estudo", ressalta Cláudio.
Caso o governo feche contrato com a empresa, ele teria durabilidade de dois anos, já que esse é o tempo máximo que o ovo do Aedes pode durar, em um ambiente favorável.
"Acompanhamos todo o processo e voltamos nos bairros caso haja reinfestação", explica o gerente. O transporte dos mosquitos a longas distâncias é feito através de veículos climatizados ou empresas aéreas. Nese caso eles são transportados quando se encontram no estágio chamado de pupa, que é a última fase do mosquito antes de se tornar adulto.
Chegando ao destino final, é preciso levar a carga para uma sala climatizada e esperar até dois dias para que eles eclodam. A partir daí basta levar os mosquitos para a área designada, com alta infestação de Aedes. Apesar de o mosquito transgênico ser mais sensível do que o selvagem, Cláudio Fernandes diz que durante o transporte a perda de pupas é mínima e é possível chegar ao destino com 90% da carga intacta.
Já quando as distâncias são de até 100 quilômetros entre a fábrica e o local em que os mosquitos serão soltos, o transporte pode ser feito em veículos climatizados, levando já o mosquito adulto.
Para monitorar se a população de Aedes está baixando, a empresa espalha armadilhas onde os mosquitos depositam seus ovos. Com isso é possível ver se esses ovos são do Aedes selvagem ou do transgênicos. "O ideal é pegarmos uma armadilha que não tenha ovo nenhum, o que acontece conforme o projeto é desenvolvido", afirma Cláudio.