Três anos depois da morte de Osiel, familiares lamentam a impunidade
Três anos completados da morte do índio Terena Oziel Gabriel aos 35 anos, a família, além da saudade, lamenta o fato de não saber quem matou o líder indígena durante a reintegração de posse da Fazenda Buriti, em Sidrolândia, no dia 30 de maio de 2013. Para o irmão Otoniel Gabriel, ainda há esperança em descobrir o responsável pelo tiro que o matou.
Considerado umas das lideranças da aldeia Córrego do Meio, em Sidrolândia, Oziel foi para luta naquela manhã de quinta-feira, acompanhado do filho mais novo, com 15 anos na época. Desde então, a família tenta saber quem foi responsável pela morte do indígena.
A Polícia Federal, responsável pela reintegração de posse, chegou a abrir um inquérito para investigar as condições da morte e saber de qual arma partiu o tiro que tirou a vida do indígena, que deixou dois filhos. Foram vários meses de investigação e um resultado frustrante para família.
A polícia não identificou de onde partiu o tiro fatal. “Tenho certeza que foram os policiais federais que atiraram em meu irmão. Eu estava lá, mas eles disseram não poderem identificar a arma por não terem encontrado o projetil”, reclama o irmão da vítima.
Segundo Otoniel, o fato de não ter sido identificado o responsável pelo tiro que matou seu irmão também provoca problemas a esposa e os filhos de Osiel que, além da ausência e saudade, vivem sem assistência por parte do Estado.
Para os familiares, apesar do inquérito ter sido concluído em dezembro de 2013, sem a identificar o assassino do indígena, ainda há esperança em descobrir quem foi o autor do crime. “Esperança sempre vamos ter. A gente quer saber o culpado”, comentou a mãe de Oziel, Maria Fátima Clementino, 60 anos, na página de uma liderança no Facebook.
Para Otoniel Gabriel, além de saber o nome do responsável pela morte do irmão, toda a comunidade indígena tem a esperança da homologação das terras em litígio na Fazenda Buriti. “Esperamos que as autoridades governamentais olhem com carinho para nossa causa e homologue nossas terras”, ressalta ele.
Segundo Otoniel, atualmente cinco mil índios estão morando em 2.090 hectares na aldeia Córrego do Meio e lutam para conseguir a homologação de 15 mil hectares em litígio. “Estudos antropológicos já comprovaram que a terra é nossa. Só depende de o Estado reconhecer e indenizar os produtores”, observou.
Para ele, os índios e os fazendeiros já estão cansados pela demora do governo em decidir sobre a situação na região. “Tínhamos uma esperança com a mudança no governo estadual, pois o governador anterior não fazia nada para encontrar uma solução. “Agora com essa indefinição no governo federal, não sabemos quando vamos conseguir essa homologação”, comentou Otoniel.
Otoniel contou que Osiel era o quarto filho de seis homens, além de duas mulheres. E os pais ainda não conseguiram superar a dor da perda. “Eles procuram não demonstrar, mas quando chega próximo da data que lembra a morte dele percebemos a tristeza que toma conta deles”, contou ele, acrescentando que os indígenas da aldeia vão continuar lutando pela paz e harmonia, “porém nunca mais será como antes”, concluiu Otoniel.