Vacina contra a dengue na rede pública pode ficar para depois de 2017
Prestes a ser testada em Campo Grande e outras 12 cidades brasileiras, a vacina contra a dengue desenvolvida pelo Instituto Butantan é considerada por especialistas, além da própria instituição, mais propensa a ser oferecida futuramente pelo SUS, em comparação com a imunização francesa já aprovada pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).
O centro de pesquisas nacional afirma que os esforços são concentrados para que o produto tenha o menor valor possível e esteja pronto até 2017. O objetivo é, desta forma, disponibilizar o medicamento na rede pública.
Maiquel Paz, infectologista do Hospital Dia da Capital, acredita que a relação custo-benefício da substância estrangeira será empecilho para que ela seja disponibilizada à população, levando em consideração a eficácia e o gasto para importá-la.
“Vale mais a pena esperar por uma vacina nacional, mais barata. O que se sabe é que a eficácia do produto do instituto francês é de 67% e isso é abaixo do que se espera de uma vacina, que seria de 80%, no mínimo”, pontua o médico. Na visão do especialista, o Governo Federal irá levar em consideração esse índice ao analisar, futuramente, a possibilidade de incluir o produto no calendário de imunização.
“Não se compra uma vacina para uma campanha, mas para várias campanhas. Talvez vai ser o maior investimento feito nos últimos tempos em termos de vacinação, vai ter que ter uma cobertura muito grande”, opina Paz.
O infectologista lembra que nenhuma imunização contra a doença substitui os cuidados para evitar a proliferação do Aedes aegypti, transmissor do vírus, até mesmo porque ele transmite zika vírus e chikungunya.
Procedimento – A vacina desenvolvida pela Sanofi Pasteur foi aprovada pela Anvisa após ser testada no país. Em Mato Grosso do Sul, 700 pessoas foram cobaias para os estudos. Calcula-se que o preço do produto será em média R$ 80 a dose e como são necessárias três, o custo por indivíduo será de R$ 240.
A vacina terá o valor definido pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos. A análise do órgão leva em torno de três meses. Uma vez estipulado o preço, o produto poderá ser importado para uso na rede particular.
Com relação ao SUS, a decisão em oferecê-lo de graça cabe ao Governo Federal, que fará uma avaliação se compensa ou não adquiri-lo.