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Boa Imagem

O BBB, a nossa vida e o efeito holofote

Como somos o centro do nosso mundo, tendemos a superestimar o quanto somos notados pelo outro

Por Larissa Almeida (*) | 24/01/2024 08:18

Mesmo que você não acompanhe o BBB, é provável que tenha sido impactado pelo programa de alguma forma nas redes sociais. Uma das participantes, a tiktoker Vanessa Lopes desistiu do programa após ter um surto achando que tudo era uma farsa criada para ela, uma espécie de “Show de Truman”. Para quem não assistiu o famoso filme protagonizado pelo Jim Carrey, ele mostra a vida de Truman Burbank, um homem que não sabe que está vivendo numa realidade simulada por um programa da televisão, transmitido 24 horas por dia para bilhões de pessoas ao redor do mundo. E a Vanessa Lopes acreditava que tudo o que acontecia no programa era por causa dela e que ela era o “centro do programa”.

Na vida real, isso se chama “Efeito Holofote”, fenômeno psicológico no qual as pessoas tendem a acreditar que estão sendo mais notadas, julgadas ou avaliadas por outras pessoas do que realmente estão, como se estivesse no centro de um grande teatro e todas as luzes estivessem focadas em você. A razão para o efeito holofote é a tendência inata de esquecer que, embora se seja o centro de seu próprio mundo, não é o centro do mundo dos outros. Esta tendência é especialmente proeminente quando se faz algo pelo qual se sinta envergonhado, como alguma gafe.

Já aconteceu de você deixar de frequentar uma academia ou fugir da aula de dança porque acha que todos lá iriam notar sua presença ou rir da sua falta de habilidade? Ou descobre um furo na roupa e acha que todas as pessoas estão reparando? Ou fica remoendo mil vezes alguma gafe porque acredita que as pessoas se lembrarão disso para sempre?

A verdade é uma só: da mesma forma como você está preocupado com a sua imagem, as pessoas também estão com a imagem delas. Resumindo: ninguém está nem aí para você. E mesmo quem percebe ou te julga, pouco tempo depois já esqueceu e focou novamente nos próprios problemas, tendo em vista que eles só estavam projetando em você, segundo Freud, seus próprios pensamentos, motivações, desejos e sentimentos indesejáveis.

Mas pense comigo: quando você volta para casa depois de um dia de trabalho fica lembrando da gafe dos outros, do erro de português do fulano, do mico do ciclano? Muito provavelmente não, e nem eles pensando sobre você.

O objetivo aqui não é invalidar o autocuidado, a melhoria do seu próprio comportamento e a observação das suas atitudes diárias (de modo a cuidar da sua imagem), mas sim alertar sobre o fato de que muita gente deixa de fazer coisas que vão trazer felicidade por medo do julgamento dos outros, e na maioria das vezes ninguém está nem aí, entende?

O problema deste mecanismo de holofote é que ele está muito associado à ansiedade social, que nos paralisa ou nos envergonha porque achamos que estamos sendo observados o tempo todo. Entenda que é importante sim cuidar da sua imagem, mas por você, e não defina sua vida imaginando “o que os outros vão pensar”. Ninguém está nem aí.

(*) Larissa Almeida é formada em Comunicação Social pela UFMS e pós-graduada em Influência Digital pela PUC-RS. Trabalhou durante 14 anos na área de comunicação e imagem em importantes instituições como Caixa Econômica Federal, Prefeitura de Campo Grande, Governo do Estado de Mato Grosso do Sul, Senado Federal, além de ter coordenado a comunicação da Sanesul. Consultora de imagem formada pelo RML Academy e Centro Universitário Belas Artes de São Paulo. Especialista em Dress Code e comportamento profissional por Cláudia Matarazzo e RMJ Treinamento e Desenvolvimento Empresarial. Siga no Instagram @vistavoce_.

 

Os artigos publicados com assinatura não traduzem necessariamente a opinião do portal. A publicação tem como propósito estimular o debate e provocar a reflexão sobre os problemas brasileiros.

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